São Paulo, sábado, 09 de março de 2002

Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Na zona oeste, polícia desativa bomba achada em carro; na leste, 2 homens em moto jogam explosivo e atiram contra prédio

Fóruns sofrem atentados em São Paulo

Rubens Cavallari/Folha Imagem
Policiais do Gate carregam explosivo encontrado em frente ao fórum de Barra Funda (centro)


FABIANE LEITE
BERTA MARCHIORI

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois atentados a bomba ontem esvaziaram prédios da Justiça paulista: o Fórum Criminal Ministro Mário Magalhães (zona oeste da cidade de São Paulo) e o Juizado Especial Cível e Criminal de Guaianazes (zona leste).
Às 15h09, homens do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) desmantelaram o detonador de artefato com 40 kg de explosivos de alto poder de destruição colocado em um Escort branco, estacionado a poucos metros da entrada do fórum da Barra Funda, por onde circulam 7.000 pessoas por dia. Fios ligavam o explosivo à bateria, que alimentaria a bomba. A polícia não sabe como funcionaria o detonador.
O carro-bomba só foi notado no início da madrugada, porque estava com os faróis acesos, mas já estaria no local desde a noite anterior. Policiais militares buscaram identificar o proprietário do veículo até amanhecer, mas encontraram apenas um endereço falso.
Pela manhã, descobriram os explosivos. O fórum começou a ser esvaziado somente às 9h. Funcionários foram avisados por telefone. Houve correria. Policiais apontaram ligação do caso com a facção criminosa PCC.
Em Guaianazes, motoqueiros atiraram uma bomba caseira contra o juizado, por volta das 14h. Foi encontrada uma faixa com a sigla da facção próxima ao local. Os homens também atiraram contra o edifício com uma pistola, mas ninguém ficou ferido.
A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça informou que o juizado de Guaianazes atua somente em casos simples, que não motivariam a ação.
Para o comandante do Gate, Diógenes Dalle Lucca, quem promoveu o atentado na Barra Funda "tinha noção da técnica". Em 2000 houve explosão em banheiro do fórum da zona oeste. Em julho passado, uma bomba feriu funcionários do Fórum João Mendes.
Anteontem, os sequestradores do publicitário Washington Olivetto prestaram depoimento no fórum da Barra Funda, sob forte esquema de policiamento. "O Maurício [Norambuena, líder do sequestro" disse que fugiria. Mas não lembro se esse carro já estava aqui", afirmou o delegado da DAS (Divisão Anti-Sequestro), Antônio Olin, que acompanhava os sequestradores.
Na tarde de ontem, às 13h, ocorreria o interrogatório dos policiais Hélio Carlo Barba, Alessandro Ramos da Silva e Guilherme Barboza Pallazo, acusados de envolvimento no tráfico de drogas na cracolândia (centro de São Paulo). A prisão preventiva dos três completou 84 dias. "Vamos pedir a libertação deles", disse Fernando Maffei Dardis, do escritório de advocacia que defende o grupo. Ele afirma que familiares do grupo receberam ameaças de morte recentemente.
O Fórum Mário Magalhães não tem nenhum controle sobre os veículos que entram no estacionamento (que pode abrigar 1.800).
O explosivo usado na Barra Funda, da marca Mag-Gel, é um tipo de emulsão que contém nitrato, aplicado em pedreiras e minas e com poder equivalente ao de dinamites -os efeitos da bomba poderiam causar danos em um raio de até 50 metros.
O artefato tinha uma antena, o que indica que poderia ser acionado à distância. O Gate utilizou uma pequena quantidade de explosivo para destruir parte da bomba e desativá-la.
Ontem, um dia depois da maior operação já realizada pela Polícia Civil, na favela Pantanal, zona sul, o secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, não quis comentar os atentados.



Próximo Texto: Polícia acha faixa do PCC perto de atentado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.