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SAÚDE
Sem a presença de médicos, mas em local ao lado de hospital conveniado ao SUS, mulheres dão à luz acompanhadas da família
São Paulo abre maior "casa de parto" do país
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de São Paulo acaba de
abrir a maior "casa de parto" do
país: com oito quartos e uma sala
ampla, poderá fazer 200 partos
por mês, com direito a banheira
de hidromassagem e fonte no jardim. Tudo pelo SUS.
As casas de parto são locais onde as mulheres dão à luz acompanhadas da família, sem a presença
de médicos, e em espaços que em
nada lembram maternidades.
A Casa de Maria, como a nova
casa de parto é chamada, tem outro diferencial: foi construída em
um prédio anexo a um hospital
geral, o Santa Marcelina do Itaim
Paulista, na zona leste da cidade,
que já faz 450 partos por mês. Se
algo ocorrer durante o parto, a
mulher estará no centro cirúrgico
em menos de três minutos.
"Isso derruba o questionamento que a classe médica faz em relação à segurança nas casas de parto", diz Marcos Ymayo, coordenador de saúde da mulher do
Hospital Geral Santa Marcelina.
As entidades médicas afirmam
que o parto é um ato médico de
risco e que requer uma infra-estrutura hospitalar para o atendimento de emergência.
O modelo adotado pelo Santa
Marcelina, que contempla parto
humanizado e segurança do hospital vizinho, recebeu aval oficial:
ontem, na inauguração, estavam
o secretário de Estado da Saúde,
José da Silva Guedes, e o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
A primeira casa de parto de São
Paulo funcionou por quase dez
anos na favela Monte Azul, na zona sul. Seu modelo foi seguido pela casa de Sapopemba (zona leste), aberta em 1998 no meio de
uma região com mais de 100 mil
habitantes e quase nenhum leito
de maternidade. A casa está integrada ao Projeto Qualis, em parceria com o governo do Estado.
Muitas das práticas de parto humanizado já são adotadas na maternidade do Santa Marcelina. As
mulheres contam com acompanhante e a companhia de uma
"doula", voluntária treinada que
passa todo o tempo com ela.
Na casa de parto, as mulheres
terão massagens numa banheira
e, além da "doula", poderão estar
acompanhadas da família. O parto é feito no quarto, onde há poltronas e almofadas.
A mulher escolhe a posição.
Além de um banquinho especial,
e de almofadas no chão, a cama
permite o parto de várias formas.
Segundo Ymayo, o bebê é colocado sobre o peito ainda com o cordão umbilical, que só é cortado
quando parar de pulsar.
O médico diz que a casa não deve ser vista como "forma de sanar
carências", mas como "alternativa de qualidade". "A mulher pode
escolher como quer seu parto."
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