|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Direito a acompanhante não é cumprido
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre 17 maternidades da rede
pública do Estado consultadas pelo telefone, só três disseram aceitar a presença de acompanhante
nos trabalhos de parto. A consulta
informal foi feita pela Secretaria
de Estado da Saúde.
Essa presença, no entanto, é garantida no Estado por lei do deputado Roberto Gouveia (PT), que
dá esse direito a todo paciente.
Os grupos que integram a Rehuna (Rede pela Humanização do
Nascimento) decidiram transformar o Dia Internacional da Mulher, comemorado ontem, numa
data pelo direito ao acompanhante no parto. Na segunda-feira, um
debate na Faculdade de Saúde Pública da USP vai reunir representantes de várias instituições públicas que têm a ver com esse direito.
Sonia Hotimsky, cientista social
e uma das coordenadoras da Rehuna, diz que a intenção é exigir
mudança dos hospitais e informar as mulheres de seus direitos.
Pesquisas em vários países indicam que a presença do acompanhante reduz o estresse da mãe, o
tempo do parto, a ocorrência de
cesáreas e o uso de anestesia.
A Prefeitura de São Paulo anunciou ontem que de junho a dezembro os hospitais municipais
garantirão a presença de um
acompanhante feminino. A lei diz
que a mulher pode escolher a
companhia que desejar.
Maria José de Oliveira Araújo,
da Secretaria Municipal da Saúde,
diz que muitos quartos de maternidade têm mais de um leito, o
que dificultaria a presença do marido. "Estamos dando um prazo
para nos adaptar à lei", diz.
José Antonio Jordão Ribeiro, da
Secretaria de Estado da Saúde, diz
que muitas maternidades ainda
recusam o acompanhante por desinformação. "Quando um hospital observa a experiência de outro,
constata que a presença do acompanhante só traz benefícios."
Jordão participa de grupo de estudo sobre violência e humanização em serviços públicos de saúde. Para ele, os profissionais precisam ser treinados para participar da acolhida ao acompanhante. "Temos de rever todas as nossas práticas", diz. "O marido tem
de estar presente para participar,
não ser só expectador. Um biombo e um diálogo com as mulheres
do mesmo quarto pode resolver a
questão da privacidade."
(AB)
Texto Anterior: Saúde: São Paulo abre maior "casa de parto" do país Próximo Texto: Feministas roxas Índice
|