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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

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Dores faziam estilista perder os sentidos

DA REPORTAGEM LOCAL

Por dez anos, a estilista Maria Lúcia Braga, 59, sentia dores tão fortes que desmaiava com frequência. "Doía da ponta dos pés à ponta dos cabelos." Só anos depois a causa foi diagnosticada como uma fibromialgia grave.
Quando as dores chegavam ao abdômen, ela perdia os sentidos. Como morava próximo ao Hospital do Câncer, para onde era levada nesses casos, ela passou a ser tratada pela Central da Dor daquele hospital. Hoje, toma três medicamentos, um deles derivado da morfina.
"A dor não desapareceu de todo, mas voltei a ter o prazer de fazer minhas coisas. Devo isso às médicas Sandra Caires e Ana Cecília Guedes, porque nem todos os médicos são sensíveis à dor. Alguns diziam que minha dor era imaginária."
O estudante Lucas Lopes dos Santos Cintra, 15, está voltando para Itororó, no sul da Bahia, onde está matriculado no primeiro ano do ensino médio. "Estou animado para as aulas, só não vai dar para jogar bola, por enquanto."
Há dois anos, Lucas foi operado de um tumor na perna, mas a família só soube do diagnóstico de câncer nove meses depois. Quando o Hospital do Câncer fez os exames, constatou que o menino sofria de sarcoma, um câncer do tipo vertebral, já com metástases. Desde novembro, ele está em tratamento no hospital com quimioterapia, à espera do melhor momento para uma cirurgia.
"Era difícil para uma mãe ver um filho com tantas dores", diz a mãe, Wilma Lopes Cintra, 35.
Tratado na Central de Dor do hospital, Lucas diz se sentir animado e bem disposto. "Com o remédio, a dor passa em 15 minutos e não sinto enjôo", diz. A família está voltando para Itororó com um estoque de remédios para a dor e quimioterapia via oral que ele receberá na própria cidade.
"A metástase não progrediu", diz o pai, Carlos Leônidas Miranda Cintra, 40, comerciante e vereador em Itororó. "Agora, o Lucas está nas mãos da medicina e do Todo Poderoso."
A dermatologista Alba Trindade, 50, conhece a dor como paciente e como médica. Há quatro anos, ela foi submetida a duas cirurgias de hérnia de disco, que, embora bem sucedidas, lhe deixaram com muitas dores em todo o lado direito do corpo. "Eram dores terríveis, que me impediam de qualquer atividade."
A médica conheceu o Centro de Dor do Hospital das Clínicas por meio da fisiatra Lin Yeng. "Hoje me sinto muito bem. E estou convencida de que o tratamento da dor precisa ser multidisciplinar, com médicos, fisioterapeuta e terapeuta. A morfina é importante, mas precisa fazer parte de um conjunto de ações. A dor é complexa. Ela tira a realidade da vida."


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