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Internos podem ter representantes eleitos em colegiado
DA REPORTAGEM LOCAL
Adolescentes com direito a voz
nas discussões de seus próprios
problemas. Representantes escolhidos por outros jovens, por
meio de voto secreto, para participar da definição de prioridades de
investimentos no lugar onde vive.
Essa prática, tão comum no movimento estudantil, é a nova promessa do secretário da Justiça e
Defesa da Cidadania e presidente
da Febem (Fundação Estadual do
Bem-Estar do Menor), Alexandre
de Moraes (PFL), para ser implantada nas unidades da instituição em São Paulo. O objetivo é ganhar mais aliados no processo de
reformulação da Febem.
Anteontem, Moraes anunciou a
proposta a entidades de direitos
humanos e de defesa do jovem infrator que acompanham o projeto
de reformulação.
A iniciativa contempla uma reivindicação das entidades, que pedem ações para formar o que chamam de "lideranças positivas"
entre os internos da instituição.
A proposta ainda pode ser modificada, mas, pelo projeto atual,
funcionaria da seguinte forma:
dois internos por unidade da Febem fariam parte de um colegiado. Eles seriam escolhidos pelos
próprios adolescentes, em uma
votação secreta.
O colegiado também seria formado por representantes da direção da unidade, funcionários e
mães. Nesse órgão, seriam discutidos os problemas da unidade e
estabelecidas prioridades.
Segundo a assessoria da Secretaria da Justiça, Moraes afirmou
que a proposta ainda está em discussão com as entidades e que ele
só falará sobre o projeto quando
ele estiver pronto.
Na reunião com as entidades,
anteontem, o presidente da Febem disse aos representantes que
o projeto piloto seria implantado
no complexo do Tatuapé, na zona
leste de São Paulo, provavelmente
na unidade 1.
A escolha dos internos para participar do colegiado poderia ocorrer ainda nesta semana, segundo
as entidades. Também está sendo
estudada a participação de adolescentes em um conselho de representantes do complexo -que
reúne várias unidades.
Desde o final do ano passado, as
entidades pediam à Febem uma
proposta para acabar com a liderança exercida pelos chamados
"faxinas", uma herança do sistema penitenciário.
Nas cadeias, os "faxinas" são
presos responsáveis pela limpeza
que detêm liderança sobre os demais detentos e privilégios da direção dos presídios.
O surgimento de um fenômeno
parecido nas unidades da Febem
preocupou as entidades. A idéia é
evitar possíveis relações promíscuas -com o consentimento ilegal de privilégios- entre funcionários e internos.
A oficialização dessas lideranças
por meio do colegiado, com direitos e deveres estabelecidos, seria
uma maneira de formalizar e
acompanhar essa relação.
A proposta da Febem foi bem
recebida pelas entidades. O envolvimento dos jovens nas discussões da Febem seria o próximo
passo depois da abertura das unidades para as mães de internos.
Escolta
Na mesma reunião, anteontem,
a fundação também informou às
entidades que a escolta de internos será realizada pelos novos
agentes de segurança contratados
pela instituição.
A Polícia Militar e até a Divisão
Anti-Seqüestro da Polícia Civil de
São Paulo foram usadas nas escoltas de adolescentes. No entanto,
segundo o que o secretário informou às entidades, o uso de policiais para a tarefa provocou atraso
em muitas escoltas.
Os agentes de segurança agora
vão acompanhar os internos para
atendimento hospitalar ou para
depoimento na Justiça.
(GILMAR PENTEADO)
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