São Paulo, quarta-feira, 09 de março de 2005

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ROSA CHOQUE

Marcha teve como uma de suas bandeiras a legalização do aborto e complicou o trânsito na cidade de São Paulo

15 mil mulheres vão às ruas por direitos

Marlene Bergamo/Folha Imagem
Mulheres percorrem a rua da Consolação, em comemoração do Dia Internacional das Mulheres


AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Marcha Mundial das Mulheres, que teve como uma das principais bandeiras a legalização do aborto no Brasil, reuniu cerca de 15 mil pessoas ontem à tarde em São Paulo, segundo estimativa da Polícia Militar. As organizadoras chegaram a falar em 40 mil participantes. A manifestação também ocorreu em outras cidades brasileiras, em comemoração do Dia Internacional da Mulher.
As manifestantes paulistanas foram do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na Paulista, até a praça da República -ocupando duas pistas- e causaram congestionamento em algumas das principais vias da cidade, como a Rebouças, a Consolação e a Paulista.
"Queremos trabalhar com muita prioridade neste ano a questão do aborto. A marcha sempre foi favorável à legalização, com atendimento público e gratuito para as mulheres que precisam fazer o aborto", afirmou a integrante da organização da marcha Nalu Faria, 46, da SOF (Sempreviva Organização Feminista). Outras reivindicações eram aumento do salário mínimo, acesso da mulher à terra e liberdade sexual.
Segundo Faria, a intenção não é incentivar que mais mulheres façam aborto, mas evitar que elas paguem com suas vidas se decidirem abortar. Ela disse que ônibus dos Estados de Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Rondônia, Ceará e Paraná trouxeram mulheres para integrar a marcha.
A estudante Juliana Abramides, 20, que defende a legalização, afirmou ter amigas que fizeram aborto. "Elas puderam pagar entre R$ 2.000 e R$ 3.000 para fazer numa clínica clandestina, mas há muitas mulheres que abortam com métodos caseiros e morrem", disse.
Apesar de ser o tema de destaque, a legalização do aborto não afastou da marcha quem não concorda com sua realização. "Acredito que ninguém tem o direito de tirar uma vida. Mas posso marchar ao lado de quem pensa diferente porque respeito seu direito de reivindicar", disse a religiosa da congregação Irmãs da Nossa Senhora da Consolação, Silvana Antunes Amorim, 24.

Trânsito
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), durante a marcha o trânsito ficou complicado nas seguintes vias: Paulista, Consolação, Vergueiro, Domingos de Morais, Sena Madureira e Rebouças (até a ponte Eusébio Matoso). No centro, a Ipiranga e a São João também foram afetadas. Às 19h30, a cidade apresentava 93 km de congestionamento. A média para o horário é 65 km.
A concentração começou às 14h e os manifestantes chegaram ao final do trajeto por volta das 18h.


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