São Paulo, segunda, 9 de março de 1998

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Deputado costuma contar vantagem de seus feitos e promessas
Naya faz doações vistosas em seu reduto eleitoral mineiro

ELVIRA LOBATO
enviada especial a Palma

Em sua última visita a Leopoldina (zona da mata, MG), em janeiro deste ano, o deputado federal Sérgio Naya prometeu, de uma só tacada, doar 20 computadores Pentium, 500 mil tijolos e máquinas de costura industriais à cidade.
Não satisfeito, prometeu levar o prefeito e o vice a Milão (Itália), em seu jato particular, para buscarem informações sobre a montagem de uma faculdade de engenharia na cidade. Ao visitar o canteiro de obras de uma fábrica de jeans Inega, declarou, solene, que a cidade se tornaria um grande pólo da moda e que "top models" internacionais iriam desfilar em Leopoldina.
Bravata e extravagância são parte do estilo Naya de fazer política em seus redutos eleitorais, no interior de Minas.
Para prestigiar sua cidade, Laranjal (a 378 Km de Belo Horizonte), mandou colocar piso de granito e mármore azul nas paredes da igreja. Para arrematar, instalou no teto um lustre de 200 quilos (imitação de cristal), que havia importado da Itália para um hotel em Miami. O piso do cemitério também é de granito.
O próprio deputado faz propaganda de suas extravagâncias. Em fevereiro do ano passado, em depoimento na 1ª Zona Eleitoral de Brasília, na condição de testemunha em uma ação por fraude eleitoral em sua cidade, Naya ocupou o tempo contando vantagens.
Disse ter doado 250 mil tijolos à população de Leopoldina e que no momento em que os caminhões entravam na cidade com o material, um helicóptero -dos oito que disse ter possuído- jogava pétalas de rosas na população.
A vice-presidente da Câmara dos Vereadores de Leopoldina, Iolanda Camgussu André (PT), confirma que o deputado costuma anunciar sua chegada com chuvas de rosas.
No mesmo depoimento à Justiça Eleitoral, Naya contou ter distribuído 220 mil tijolos e 5.000 litros de vinho em Laranjal. Como a cidade tem 5.167 eleitores, a proporção foi de quase um litro de vinho por eleitor.
No pouco que falou sobre a denúncia de fraude eleitoral, usou os termos "ex-anão", "ex-homossexual", "gatuno" e "larápio" para se referir aos adversários. A ação está em curso no fórum de Muriaé.
José Robson de Paula (PFL), ex-vereador de Palma -cidade vizinha de Laranjal, com 8.000 habitantes- conta que na eleição de 94, Sérgio Naya mandou entregar 20 vacas holandesas à prefeitura para que distribuísse leite à população carente. As vacas acabaram morrendo.
Naya costuma também distribuir cobertores à população pobre e para que os eleitores não se esqueçam de quem deu o presente, imprime seu nome com letras grandes nas peças.



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