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POLÍCIA
Merla, uma nova droga obtida a partir da cocaína, está sendo difundida principalmente entre a classe média
MA tem boom de consumo de nova droga
DÉCIO SÁ
da Agência Folha, em São Luís
A merla, uma nova droga obtida
a partir dos resíduos do processo
de produção da cocaína, está registrando um boom de consumo
em São Luís (MA).
"É a coqueluche da cidade", diz
o chefe substituto da Delegacia de
Prevenção e Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal do Maranhão, Ribamar Araújo, 40.
Segundo a polícia, o consumo da
merla na cidade em grande escala
começou há cerca de três anos,
mas está crescendo. Apenas em janeiro deste ano, a Polícia Civil
apreendeu, na capital, cem "cabeças", como é chamado na gíria um
pequeno saco plástico que serve
como embalagem da merla.
Cada "cabeça" tem entre 1 g e 5 g.
Dependendo do tamanho, o preço
varia de R$ 10 a R$ 20. Em Brasília,
onde a merla é mais difundida, ela
pode ser comprada por R$ 1. Mas
a polícia já apreendeu embalagens
de 20 g, vendidas a R$ 50.
As autoridades ainda não descobriram qual é a composição exata
da merla. Sabe-se apenas que tem
resíduos de querosene e ácido sulfúrico. Também não se conhece ao
certo a partir de que parte do refino da cocaína, antes de chegar à
pasta básica, a merla é obtida.
"Aqui não existe um local onde
não tenha venda e consumo de
drogas, principalmente merla e
maconha", afirma o delegado de
Entorpecentes da Polícia Civil do
Maranhão, Eduardo Jansenn de
Melo, 36.
A merla é fumada e é, geralmente, misturada à maconha ou ao tabaco de cigarros. Também pode
ser mascada e injetada na veia -o
que pode levar à morte.
Seu consumo, antes restrito à
camada mais pobre da população,
está -a exemplo do que ocorreu
com o crack- se difundindo
principalmente entre membros da
classe média.
Os efeitos são semelhantes aos
do crack: dependência psíquica,
alteração dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, lesões cerebrais e no fígado.
O nome merla vem de melado,
porque a droga é encontrada no
estado pastoso. Para conservá-la,
os traficantes guardam a droga na
geladeira.
Em seu estado puro, a merla tem
um cheiro parecido com o da cocaína. Mas, para aumentar o rendimento da droga, os traficantes a
misturam com talco, giz e cacos de
louça moídos.
Dependendo dos produtos químicos usados em sua composição,
a merla pode ser encontrada nas
cores amarela, verde, cinza e roxa.
A branca é a mais comum.
A rota da merla é praticamente a
mesma da cocaína. A droga chega
a São Luís pela fronteira do Brasil
com a Colômbia e a Bolívia.
Brasília é a cidade onde a droga é
mais difundida e serve como central de distribuição para o resto do
país.
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