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RORAIMA
Agricultores integram comissão
Colono pede auxílio
para enfrentar seca
ALTINO MACHADO
da Agência Folha, em Boa Vista (RR)
Os colonos do município de Mucajaí (a 50 km de Boa Vista) querem participar da gestão de R$ 15
milhões pleiteados em Brasília pelo governador de Roraima, Neudo
Campos (PPB). Ele decretou calamidade pública no Estado por
causa da estiagem prolongada e
dos incêndios nas áreas de savanas
e florestas da região.
Orientados pelo coordenador da
CPT (Comissão Pastoral da Terra)
em Roraima, Arthur Agostini, os
colonos integram a comissão da
qual participam representantes do
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e do
Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente).
A partir de hoje, a comissão vai
sugerir várias providências ao governo estadual, como a construção de 300 poços artesianos para
abastecer 3.500 famílias.
Nos últimos dois anos, os agricultores receberam financiamento
do FNO-Especial (Fundo Constitucional do Norte) e do Procera
(Programa de Crédito para Reforma Agrária), mas estão com a capacidade de pagamento comprometida porque o fogo atingiu cercas, gado e culturas perenes.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Mucajaí, Laurenes Cruz do Nascimento, os colonos querem que o
prazo para pagamento dos créditos seja prorrogado, sem juros,
por mais dois ou quatro anos.
Durante a reunião de formação
da comissão, os colonos admitiram que contribuíram para propagar os focos de incêndios. Colonos que tiveram propriedades destruídas pelo fogo se mostraram
dispostos a mudar o hábito de preparar a terra com queimadas.
Essa mudança de hábito, entretanto, será um desafio para os colonos, que terão de romper com o
método tradicional de preparo da
terra. São poucos os que conseguem aliar atividades de subsistência com proteção ambiental.
"É um absurdo que derrubadas
de florestas e queimadas sejam entendidas como benfeitorias por
órgãos como Incra e Ibama", disse
Agostini.
Anteontem, em Vila Apiaú, na
região de Mucajaí, o fogo destruiu
um caminhão que transportava
colonos. Ninguém ficou ferido,
mas os milhares de focos de incêndios permanecem ativos, devorando enormes áreas de florestas.
A seca em Roraima ocorre há
quatro meses. Os incêndios já destruíram 60% das áreas de savanas
e avançam contra a floresta, ameaçando área ianomâmi. Já morreram 12 mil cabeças de gado.
O pesquisador do Inpa (Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia), Phillip Martin Fearnside, que
estuda há 20 anos os impactos
provocados pela troca do uso da
terra na Amazônia, disse que o
desmatamento contínuo na Amazônia brasileira pode contribuir, a
longo prazo, para o aquecimento
do planeta (efeito estufa).
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