da Reportagem Local

Nunca se sabe com quem se vai dormir quando se hospeda em uma das suítes do hotel Jaraguá. Pode ser o Fidel, o Delon, quem sabe a Liz Taylor, a Ella Fitzgerald.
O hotel não guardou registro de quem dormiu onde nem com quem. Restou a memória dos antigos funcionários, às vezes mais criativa que precisa.
Na suíte do 20º dormiu o Curtis com a família, me avisaram. Alguém falou na Lolobrígida, na Loren, no Gagarin. Eu podia escolher.
A suíte do 20º era a que tinham me destinado quando pedi um quarto, na noite da sexta-feira. Só três dos 16 andares ainda estavam ocupados e no hotel havia apenas nove hóspedes.
A suíte tem uma ampla sala com poltronas e mesa de trabalho, com portas que se abrem para dois quartos contíguos. Estão ali os mesmos móveis "perna de palito" da inauguração.
As janelas dão sobre o cruzamento da Consolação com a São Luiz e a Major Quedinho e, por elas, se vê a Biblioteca Mário de Andrade, cercada pelas sibipirunas da praça D. José Gaspar.
Era setembro de 1961 quando Tony Curtis e Janet Leigh se hospedaram ali. "Ele se sentou nesta poltrona aqui, me lembro como se fosse hoje", diz o veterano Cândido Martins.
É possível escutar suas risadas quando apagar as luzes, brincou um funcionário. Por mais que me esforçasse, o som vinha apenas das rotativas do Diário e do trânsito pesado lá embaixo. (AB)


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