São Paulo, terça-feira, 09 de abril de 2002

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VIOLÊNCIA

Mulher e 3 filhos de um dos gerentes do banco foram levados; polícia cercou agência, onde 2 mantinham 2 funcionários

Assalto frustrado em GO deixa 6 reféns

Whinton Nunes/"Sacura Foto"
A faxineira identificada como Nilda deixa a agência bancária em Caldas Novas por volta das 11h


ADRIANA CHAVES
AGÊNCIA FOLHA

Nove pessoas foram sequestradas entre a noite de anteontem e a manhã de ontem em uma ação planejada para assaltar a agência central do Banco do Brasil, em Caldas Novas (120 km de Goiânia). Até a conclusão desta edição, seis ainda continuavam como reféns em locais distintos.
Dois funcionários eram mantidos sob a mira de metralhadoras na agência, que estava cercada pela polícia. Quatro parentes de um dos gerentes permaneciam havia mais de 24 horas em um cativeiro em lugar desconhecido. Por volta das 20h de ontem, as negociações foram suspensas.
O plano começou a ser executado por volta das 19h30 de anteontem, quando um grupo armado rendeu um dos gerentes do banco, identificado como Moacir. Ele foi abordado em sua casa.
Em seguida, o bando se dividiu. A mulher do gerente e seus três filhos -idades e nomes não revelados pela polícia- foram levados para um cativeiro, provavelmente na zona rural.
Policiais fizeram uma série de buscas durante todo o dia, mas não conseguiram nenhuma pista.
Moacir ficou com dois assaltantes. Às 7h05, a dupla seguiu para a agência com ele. O objetivo inicial era aguardar a abertura do cofre, programada para as 7h30.
Minutos antes, no entanto, funcionários que já haviam chegado ao local de trabalho desconfiaram dos homens e avisaram a polícia. Nesse momento, um carro policial que fazia a ronda na região foi deslocado para o banco.
Por volta das 7h40, os policiais fecharam o cerco. Os criminosos tomaram cinco funcionários como reféns. Dizendo-se integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), a primeira exigência feita pelos assaltantes foi a liberação de R$ 1 milhão, de coletes à prova de bala e de um carro-forte para a fuga.
Equipes especializadas no gerenciamento de crises foram acionadas. A Secretaria da Segurança Pública determinou a participação do Grupo Anti-Sequestro, dos comandos das polícias Civil e Militar e de atiradores de elite do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da PM) na operação.

Quarteirões isolados
Policiais federais também se juntaram à equipe que, até o final da manhã, somava cerca de cem homens. Uma das primeiras providências foi cortar o fornecimento de água e de luz para o prédio. Quatro quarteirões próximos à agência também foram isolados.
O diretor-geral da Polícia Civil, Marcos Martins, foi nomeado para liderar a negociação. A direção do banco orientou os demais funcionários para que deixassem a cidade até que o caso fosse completamente solucionado.
Por volta das 11h, os assaltantes liberaram a primeira refém. A faxineira, identificada apenas como Nilda, deixou o local após sentir-se mal. Ao sair, disse apenas que "os homens estavam armados com metralhadoras".
As negociações chegaram a ser interrompidas durante a tarde, depois que os dois assaltantes reclamaram que a bateria do celular utilizado para os contatos estava no fim. Uma nova bateria foi então providenciada pela polícia e os contatos, retomados.
Às 17h, os dois assaltantes diminuíram de R$ 1 milhão para R$ 500 mil o valor pedido para a liberação dos reféns. Eles também passaram a exigir apenas um carro veloz para deixar o local.
O diretor-geral da Polícia Civil reafirmou a posição de não ceder às exigências e de "assegurar apenas a integridade física e garantias legais dos criminosos". Martins disse ainda que só negociaria depois que os reféns fossem soltos.
Até o início da noite, mais dois reféns foram libertados. Seus nomes não foram divulgados pelos comandantes da operação. Os assaltantes voltaram a fazer nova proposta, dessa vez de R$ 250 mil, para libertar os reféns.
Os comandos das polícias proibiram a divulgação dos passos da ação de cerco à agência. Procurada, a direção do Banco do Brasil também não forneceu nenhum tipo de informação.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o secretário da Segurança e Justiça, Jonâthas Silva, disse que não divulgaria dados sobre a tentativa frustrada de assalto, seguida de sequestro, para "preservar a vida dos quatro familiares do gerente".
O secretário justificou a medida dizendo que, "até aquele momento" (começo da noite), a polícia não tinha descoberto o local do cativeiro nem sabia quantos assaltantes estavam com eles.
Por volta de 20h, a assessoria de imprensa da PM informou que as negociações ficariam suspensas durante a noite e só seriam retomadas hoje cedo.



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