São Paulo, sábado, 09 de abril de 2005

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CAMINHO PERIGOSO

Obra em São Caetano custou R$ 6,7 mi, mas está fechada devido à presença de material tóxico

Viaduto é feito sobre área contaminada

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

JOSÉ CARLOS PEGORIM
DA REDAÇÃO

Um viaduto que custou R$ 6,7 milhões, em São Caetano do Sul (ABC paulista), ainda não pode ser usado pelos motoristas porque uma de suas saídas foi construída sobre uma área contaminada com mercúrio e BHC, um poderoso inseticida proibido em grande parte do mundo.
O viaduto corta o terreno de uma antiga fábrica do grupo Matarazzo, responsável pela contaminação. A prefeitura, que fez a obra no tempo recorde de dez meses, tinha em mãos desde 1997 um estudo da Cetesb (agência ambiental) sobre o caso.
Segundo a Cetesb, o BHC pode causar leucopenia -uma diminuição dos glóbulos brancos, que fazem a defesa do organismo. O contato com o mercúrio pode causar danos ao sistema nervoso central.
No final de fevereiro, a obra foi embargada pela Justiça a pedido do Ministério Público. Agora, o viaduto poderá ser liberado para tráfego só se for feito um muro de isolamento em torno da obra. A administração promete para já os muros, mas os estudos demoram 90 dias.
Segundo Luiz Antonio Brun, 52, gerente responsável pelo ABC na agência ambiental, em agosto passado a Cetesb fez uma vistoria e constatou que a obra não entrava na área contaminada. Em fevereiro, no entanto, os técnicos voltaram ao local e verificaram que parte da pista que liga o viaduto à avenida do Estado atingira o solo contaminado.
Os operários da construtora Emparsanco tiveram contato com o solo contaminado e tomavam leite (que alivia o enjôo). Procurada, a empresa não se pronunciou sobre o problema.

Outro lado
"Se houvesse esse risco que está sendo propalado pela imprensa, quem passa pela avenida do Estado também correria perigo e ela deveria ser interditada pela Cetesb", afirmou o secretário de Assuntos Jurídicos da prefeitura, João da Costa Faria.
Segundo ele, em 1997 a Cetesb fez um estudo "preliminar" com uma empresa alemã. "Ao lado da obra há uma fábrica do filho da Maria Pia Matarazzo que está funcionando normalmente. Não entendemos porque há tamanho alarde a respeito."


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