São Paulo, quinta, 9 de abril de 1998

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SEM LUZ
Projeto de diminuir risco de falta de luz é para o fim do ano, mas "fenômenos naturais' podem continuar atingindo sistema
Medidas não vão impedir blecautes

da Sucursal do Rio

Com dois grandes acidentes na rede de transmissão de energia do país em cinco meses, Furnas Centrais Elétricas só tem projetos para diminuir os riscos de falta de energia para o final do ano. Mesmo assim, não há garantia, segundo a empresa, de que não ocorrerão novos blecautes.
A principal providência tomada por Furnas depois do blecaute de novembro, a aceleração da construção da terceira linha entre Foz do Iguaçu e o Estado de São Paulo, onde a energia é distribuída, não eliminará a possibilidade de blecautes, porque, diz a companhia, fenômenos naturais poderão continuar afetando o sistema.
A nova linha terá 900 km de extensão e está sendo construída a uma distância de 10 km das duas atuais, para diminuir a chance de que novos acidentes interrompam a transmissão de energia.
Essa construção, que já estava no projeto original de Itaipu, visa melhorar o desempenho do sistema de transmissão, evitando o risco de cortes de energia. O custo total da obra é de R$ 494,3 milhões.
Duas das sete torres da usina hidrelétrica de Itaipu, derrubadas por fortes ventos na segunda-feira, devem estar reconstruídas até sábado, possibilitando o restabelecimento de uma das duas linhas de transmissão de energia afetadas pelo acidente. Com isso, não será mais necessário o corte de energia.
Ontem, o corte nas regiões atingidas (Sudeste, Sul e Centro-Oeste) foi de 1.900 MW, o que representa 4,9% dos consumidores. A previsão de corte era de 1.800 MW.
Para hoje, o diretor de Operação de Sistemas da Eletrobrás, Mário Santos, prevê um corte de 500 MW, "só como precaução". Amanhã e no fim-de-semana não deve haver corte de energia, segundo a Eletrobrás.
A assessoria de imprensa de Furnas informou que o trabalho de reconstrução das torres não irá atrasar o cronograma previsto para a construção da nova linha de transmissão de energia.
Segundo o assistente da Diretoria de Operações de Furnas, Carlos Garnier, 55, a construção dessa linha foi acelerada após o acidente de novembro do ano passado, quando dez torres foram derrubadas por ventos.
Garnier disse que, com a nova linha, a probabilidade de acidentes será menor. "Os ventos fortes afetam uma microrregião e, por isso, a distância entre as linhas aumenta a margem de segurança", disse.
As torres de transmissão foram projetadas para suportar ventos frontais de até 150 km/h.
A previsão é que em dezembro esteja pronto o primeiro trecho da linha de transmissão, que possibilitaria a interligação dos sistemas Sul-Sudeste. O final da obra está previsto para julho de 1999.
Com o acidente de segunda-feira, 9 das 18 unidades geradoras em Foz do Iguaçu -que transportam 5.000 MW- tiveram de ser desligadas porque a energia não pôde ser transmitida. Cerca de 250 técnicos trabalham na reconstrução das torres.



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