São Paulo, quinta, 9 de abril de 1998

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ADMINISTRAÇÃO
Dissidentes admitem entendimento, mas ainda ameaçam prosseguir com CPI aprovada anteontem
Rebeldes querem participação na gestão Pitta

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local

Vereadores governistas dissidentes de São Paulo admitiram ontem que pode haver entendimento com o prefeito Celso Pitta, desde que haja maior participação na administração, redistribuição dos cargos entre todos os vereadores que sustentam o governo e maior espaço político na gestão.
Publicamente, o grupo mantém as críticas a Pitta e afirma que manterá a CPI aprovada anteontem para investigar falta de verba para a Educação nas gestões do ex-prefeito Paulo Maluf, quando Pitta era secretário das Finanças, e na administração de Pitta. O voto dos rebeldes foi fundamental para que a CPI fosse aprovada.
Os dissidentes querem mudanças no secretariado e que os vereadores do "grupo dos seis" (Nelo Rodolfo, Hanna Garib, Bruno Feder, Brasil Vita, Miguel Colasuonno e Zé Índio) devolvam os cargos que ocupam no governo.
Para Ivo Morganti (PFL), um dos líderes do motim, a concentração de cargos nas mãos dos "seis" causa um desequilíbrio.
"Acho que existem pessoas privilegiadas. E isso não é justo. Essa pessoa que está sendo beneficiada está jogando muito mais fácil do que eu, para a sua reeleição ou para trabalhar pela cidade. Se você tem 50 postos, em que você faz um trabalho que a população sabe que é o vereador tal que resolve, fica mais fácil para trabalhar sua reeleição", disse Morganti.
"Voltaria a apoiar o prefeito com uma certeza de que nós teríamos um secretariado competente, uma redistribuição do poder municipal e uma moralização da Câmara Municipal", afirma o vereador Paulo Frange (PPB).
Mohamad Mourad (PL) também reivindica maior espaço político. "A participação no governo se dá de várias formas. E uma participação inclusive dentro do Executivo, que é uma coisa muito normal e natural de acontecer, também vai ajudar nesse ponto."
Enquanto Pitta não responde aos rebeldes, os dissidentes mantêm as ameaças ao prefeito e discutem como seria sua saída.
Na opinião do grupo, a renúncia do prefeito seria a saída menos prejudicial à campanha de Paulo Maluf ao governo do Estado -que todos dizem apoiar.
"Queremos a saída do prefeito Celso Pitta para recuperar a governabilidade de São Paulo e a credibilidade da população. Até com um slogan muito bom: o Paulo Maluf pôs, o Paulo Maluf tira", afirma Toninho Paiva (PFL).
"A renúncia seria o único modo de não prejudicar a campanha do Maluf", afirma o vereador Armando Mellão (PPB).
Há um apoio declarado ao vice-prefeito Régis de Oliveira (PFL), que em 97 rompeu com Pitta e foi "despejado" da prefeitura.



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