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MEIO AMBIENTE
Fogo sob a floresta multiplicou o volume de vegetais de alta combustão e os riscos em nova estiagem
Ibama teme nova catástrofe em Roraima
ALTINO MACHADO
da Agência Folha, em Boa Vista
O presidente do Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente),
Eduardo Martins, disse ontem em
Boa Vista que o fogo que atingiu
14,7% (33 mil km2) da área total
de Roraima ameaça provocar uma
catástrofe ecológica durante a próxima estiagem na região.
Para Martins, o fogo que se alastrou por baixo da floresta aumentou em quatro ou cinco vezes o volume da biomassa (vegetais que
servem como fonte de energia).
"As folhas foram desidratadas
pelo fogo e estarão prontas na próxima estiagem como elemento de
alta combustão. Ou seja, os riscos
de novas queimadas acontecerem
são grandes, podendo atingir proporções maiores."
Sobrevôo
O presidente do Ibama e o ministro Gustavo Krause (Meio Ambiente) sobrevoaram ontem as regiões de Roraima mais atingidas
pelo fogo junto com o governador
Neudo Campos (PPB). Krause foi
recebido com honras militares na
base aérea de Boa Vista.
O helicóptero do Exército que
transportou os três sobrevoou a
uma altitude média de mil metros.
Nessa altura é quase impossível
distinguir entre árvores queimadas ou floridas, mas, ao desembarcar, Krause deixou transparecer um ar de perplexidade diante
do cenário. "A imagem é dura, comovente, dramática e angustiante, mas é também uma imagem
que ensina", disse Krause.
Krause fez questão de sobrevoar
a estação ecológica da ilha de Maracá (a 130 km ao norte de Boa
Vista), onde, há cinco dias, uma
comissão da ONU (Organização
das Nações Unidas) constatou
mais de 70 focos de incêndio. As
chuvas debelaram o fogo.
A estiagem em Roraima durou
sete meses, mas os focos de incêndio se intensificaram a partir de janeiro. Somente a partir do dia 2 de
fevereiro o Ibama deixou de expedir autorizações para queimadas.
Mas o órgão não deixou de conceder autorizações para desmatamentos. De janeiro a março foram
201, que correspondem a 628 hectares. Debelado o fogo, quem foi
autorizado a desmatar agora quer
realizar as queimadas.
O superintendente do Ibama em
Roraima, Ademir Junes dos Santos, 46, já sugeriu ao comando da
operação de combate ao fogo a
realização de "queimadas comunitárias" no Estado antes que o período das chuvas prevaleça.
As queimadas comunitárias têm
sido defendidas por Eduardo Martins. A proposta consiste em criar
condições para que sejam realizadas de maneira coletiva.
Krause e Martins não explicaram se pretendem insistir para assegurar as queimadas em áreas de
proprietários que obtiveram autorização para desmatar. "O que temos que fazer é evoluir para um
modelo agrícola onde o fogo não
seja o trator e a cinza o adubo",
disse Martins.
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