São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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RORAIMA

Polícias do Estado e do AM investigam uma conexão internacional de aliciadores de garotas para prostituição

Adolescentes são resgatadas de boates

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Uma conexão internacional de aliciadores de meninas está sendo investigada em conjunto pelas secretarias de Segurança Pública dos Estados do Amazonas e de Roraima a partir do resgate de nove menores em boates e hotéis de Boa Vista (RR).
Nas duas últimas semanas, quatro meninas saíram de Manaus, atraídas por agenciadores com a promessa de ganhar dinheiro fácil com a prostituição em programas que chegam a custar R$ 100.
Além de Boa Vista, elas estariam sendo levadas para boates das cidades da fronteira com a Venezuela e com a Guiana. Três meninas -Y.R.M., 14, A.P.M.S., 14, e G.L.S., 14- foram encontradas na segunda-feira no hotel Três Nações, no centro de Boa Vista, por agentes do Departamento de Inteligência e Cidadania.
Uma delas estava em companhia do guianense Collis Neal Hercules, preso em flagrante por crime de corrupção de menor.
Na Delegacia da Mulher, as meninas disseram que o aliciador [o nome está sob segredo" pagou R$ 300 a um taxista para fazer a viagem de 12 horas entre Manaus e Boa Vista -758 km.
"Elas foram deixadas na cidade de Jundiá (RR) porque a polícia de lá desconfiou e as entregou ao Conselho Tutelar de Rorainópolis, que as liberou", disse a delegada Maria Gleydes Martins Costa.
Segundo o chefe do Departamento de Inteligência, Rogério Amaro, em Boa Vista as meninas fizerem contatos com o aliciador, que as hospedou no hotel, pagando a diária de R$ 50.
Na sexta, o Conselho Tutelar da Criança e Adolescente de Boa Vista, que está responsável pela guarda das adolescentes, havia tirado S.C.S.L., 17, da boate Éden.
"Mais quatro meninas de Boa Vista foram resgatadas das boates nas mesmas circunstâncias. Trata-se de uma quadrilha internacional que alicia, as mantém em hotéis com despesas pagas, como se fossem uma mercadoria de garimpo", disse a delegada.
Ontem, ela pediu ao Juizado da Infância e Juventude de Boa Vista o fechamento da boate Zero Grau depois que duas mulheres amazonenses denunciaram a proprietária por crime de cárcere privado.
Maria Costa disse que a investigação conjunta teve início em março com o resgate da adolescente P.R.S., 16. Os pais da garota tinham prestado queixa do desaparecimento em Manaus. "Elas na verdade são escravas brancas porque pagam a comida e até a água que consomem nas boates", disse a delegada Graça da Silva.



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