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Apuração sobre Celsinho está parada há 1 mês
MARIO HUGO MONKEN
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
As investigações sobre o suposto envolvimento de policiais civis
e militares com o traficante Celso
Luís Rodrigues, 40, o Celsinho da
Vila Vintém, estão paradas há
cerca de um mês.
A apuração foi interrompida
porque a Corregedoria de Polícia
Unificada da Secretaria Estadual
da Segurança Pública, que centralizou as investigações, está sem
comando desde o fim do governo
de Anthony Garotinho (PSB), que
deixou o cargo no início de abril
para disputar a Presidência.
O secretário estadual da Segurança Pública, Roberto Aguiar,
disse que o fato de a corregedoria
estar sem comando não atrapalha
as investigações. Segundo ele, a
DRE (Divisão de Entorpecentes
da Polícia Civil) está encarregada
de apurar as ligações de Celsinho.
O problema é que a corregedoria é o órgão encarregado de investigar a vinculação de Celsinho
com policiais, principalmente militares, que lhe dão segurança e repassam informações reservadas
sobre incursões nas favelas dominadas pelo traficante.
A promotora Valéria Videira,
da Central de Inquéritos do Ministério Público, que investiga
Celsinho, confirmou que policiais
faziam a segurança do traficante
na zona oeste. Ela não quis revelar
o nome dos envolvidos.
Celsinho da Vila Vintém foi preso anteontem por policiais da Delegacia de Roubos e Furtos em
uma casa na Vila Vintém. Estava
foragido desde 1998. Segundo o
delegado Alcides Iantorno, o criminoso disse que continuará comandando o tráfico de dentro do
presídio Bangu 1 (zona oeste), para onde foi levado.
Em abril, a então corregedora
Celma Alves, exonerada pela governadora Benedita da Silva (PT),
formou uma comissão para investigar a vinculação de Celsinho
com policiais.
A comissão começou a funcionar após as denúncias de que quatro PMs do 14º Batalhão fizeram a
segurança da festa de aniversário
da filha de Celsinho. Ele teria fugido em um carro do batalhão após
a chegada de policiais do Batalhão
de Operações Especiais. Os suspeitos foram punidos com prisão
administrativa, mas já estão soltos por falta de provas. O trabalho
da comissão foi interrompido
com a mudança no governo.
Um novo indício do envolvimento de PMs com o traficante
está na investigação que levou à
prisão de Celsinho. Segundo Iantorno, há três meses dois policiais
do 14º Batalhão trocaram tiros
com Marcelo Belato, o Beleléu,
gerente do tráfico na Vila Vintém.
Beleléu foi achado dias depois
em um hospital e reconhecido pelos PMs. Na hora do reconhecimento oficial, no entanto, eles disseram que não conheciam Beleléu, que foi solto. "Deveria ser
aberta uma investigação contra
esses policiais", disse o delegado.
Segundo a chefe de investigações da DRE, Marina Maggessi,
com a prisão de Celsinho Beleléu
é o novo chefe do tráfico na Vila
Vintém.
Policiamento reforçado
O comando da PM determinou
o reforço do policiamento da Vila
Vintém como forma de evitar
uma guerra entre facções pelo domínio do tráfico. A quantidade de
PMs não foi revelada.
Anteontem, o comandante-geral, coronel Francisco Braz, disse à
Folha que ocuparia todas as entradas para impedir a invasão por
quadrilhas inimigas.
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