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Serra culpa lei por não impedir transferência
Segundo o governador, Judiciário "acha que não há motivo" para chefe do PCC continuar preso em regime rígido
Promotores dizem que Estado não forneceu dados para subsidiar pedido para que Marcola continuasse em Presidente Bernardes
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
A Secretaria da Administração Penitenciária afirmou ontem que não pediu a permanência de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, no regime disciplinar diferenciado
por "falta de amparo legal".
Na semana passada, a secretaria foi cobrada pelo Ministério Público a apresentar informações que poderiam justificar
a reinternação de Marcola.
A pasta, porém, não respondeu aos promotores que atuam
na Vara das Execuções Penais e
o Ministério Público também
não fez nenhum pedido.
Ontem, o governador José
Serra (PSDB) afirmou que o
RDD não deveria ter um prazo
de permanência. "O governo
acha que o regime de RDD deveria ter duração indefinida.
Não é o que a lei estabelece. O
Judiciário acha que não há motivo para ele continuar em
RDD. Se a lei permitisse, deveria ficar." Segundo ele, a lei "infelizmente estabelece limites".
"A meu ver, não é uma lei adequada para combater o crime
organizado", disse.
Promotores ouvidos pela Folha criticaram a falta de resposta do governo em relação a possíveis faltas cometidas pelos
chefes da facção. E também
afirmaram que os pedidos de
inclusão feitos pelo governo diminuíram. Ontem, a secretaria
não forneceu à Folha os dados
dos últimos meses da lotação
das unidades com RDD.
Por nota, o Ministério Público informou que não recebeu
do governo "nenhum fato novo
que justifique a solicitação por
nova internação em RDD". Em
meados de 2006, o procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, afirmou à Folha que "aos
presos de maior periculosidade
se justifica um tratamento
mais rigoroso". Ontem, não
quis falar sobre o assunto.
No ano passado, a ida de
Marcola para o RDD foi confirmada pela juíza Ariane de Fátima Alves Dias, do Departamento de Execuções Criminais, por entender que Marcola
representava "alto risco para
para ordem e para a segurança
do estabelecimento penal e por
haver fundadas suspeitas de
envolvimento ou participação
em organização criminosa".
Para o advogado Sergio Cobra Arbex, indicado pela OAB/
SP para falar sobre o caso, a
permanência do risco já justifica a reinternação. "Se Marcola
continua chefe, ele já cometeu
falta grave. Por isso, [a permanência] teria de ser renovada."
Para o procurador de Justiça
Luiz Nagib Eluf, ex-secretário
nacional de Direitos Humanos
(governo FHC), só um novo fato poderia justificar a permanência. "Não se pode deixar
ninguém indefinitivamente em
um regime tão duro."
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