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Não me omiti, devolvi o projeto, diz Kassab
Prefeito diz que não sancionou nem vetou proposta que amplia benesses dos vereadores por ser uma questão interna da Câmara
Presidente da Casa deve
promulgar ainda nesta semana o projeto que eleva valor da verba de gabinete, entre outros benefícios
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM, ex-PFL) negou ontem
ter se omitido ao não vetar nem
sancionar o projeto que amplia
os benefícios dos vereadores de
São Paulo. O projeto voltou à
Câmara e será promulgado pelo presidente da Casa, Antonio
Carlos Rodrigues (PR), sem necessidade de uma nova votação.
Para Kassab, o fato de não ter
se manifestado em relação ao
projeto no prazo estipulado pela Lei Orgânica do Município
não pode ser caracterizado como omissão porque ele tomou a
atitude de "devolver" o projeto.
A declaração foi uma resposta à Folha, que publicou ontem
que o prefeito, ao se omitir, assegurou as benesses aprovadas
pelos próprios vereadores no
dia 10 de abril.
"Foi uma consciência minha
[devolver o projeto] na medida
em que esse projeto foi aprovado pela Câmara. É um projeto
que não prevê aumento do Orçamento da Câmara, foi aprovado por quase toda a maioria
dos vereadores, portanto cabe
a eles prestar esclarecimento à
opinião pública e a mim coube
devolver o projeto", afirmou.
O projeto aumenta em 25% o
valor da verba de gabinete e
não especifica como ela será
usada -caberá aos próprios
parlamentares administrar os
recursos. Hoje, eles têm direito
apenas a cotas de serviços fornecidas pela Casa, como combustível para o carro oficial, cópias de documentos e limites
para o uso de gráfica e telefone.
A proposta também permite
que os assessores dos vereadores trabalhem nos escritórios
políticos nos bairros. Esses escritórios só podiam ser mantidos pelos próprios parlamentares, mas agora passam a ser
considerados extensão dos gabinetes da Câmara.
"É um equívoco [dizer que
houve omissão]. Ontem [anteontem] mesmo eu encaminhei para a Câmara Municipal,
foi protocolado e foi devolvido.
O prefeito não sancionou nem
vetou e achou por bem devolver o projeto", disse Kassab.
De acordo com o artigo 42 da
Lei Orgânica, se após o encerramento do prazo de 15 dias
úteis o prefeito não sancionar
nem vetar o projeto de lei, caberá ao presidente da Câmara
promulgá-lo, transformando-o
em lei. Não existe a previsão de
"devolução" do projeto.
Rodrigues não se manifestou
ontem sobre o assunto. Porém,
vereadores disseram que a promulgação deve ocorrer ainda
nesta semana. Na mesma data
deve ser divulgada também a
regulamentação da lei, que vai
estabelecer os limites para o
uso da verba de gabinete.
Rodrigues já disse, por exemplo, que será proibida a compra
de bebidas alcoólicas e o pagamento do aluguel de comitês
dos vereadores nos bairros,
embora o texto da lei permita.
PPP
O projeto que cria o Programa Municipal de Parcerias Público-Privadas não foi votado
ontem, como pretendia a prefeitura. O líder do governo na
Câmara, José Police Neto, o
Netinho (PSDB), disse que ainda não há acordo para a votação
e que dificilmente o projeto
voltará à pauta nesta semana.
(EVANDRO SPINELLI)
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