São Paulo, quarta-feira, 09 de maio de 2007

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Estudo aponta que mães adolescentes engravidam de homens mais velhos

PAULO DE ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL

Estudo recém-concluído pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo mostra que a maioria das mães adolescentes na cidade engravida de homens, em média, cinco anos mais velhos.
A pesquisa acompanhou 378 meninas entre agosto de 1997 e fevereiro deste ano em SP. Em 2005, 105 mil meninas no Estado entre 10 e 20 anos engravidaram.
O estudo demonstra que 64,3% dos parceiros dessas adolescentes são maiores de 21 anos -em média, a idade dos parceiros é de 22,4 anos; a das garotas, 17,6 anos.
Para a coordenadora do programa de Saúde do Adolescente da secretaria, Albertina Takiuti, o resultado obriga o governo a redirecionar políticas voltadas para adolescentes. Segundo ela, a falta de informação sobre contraceptivos e camisinha não pode mais ser apontada como "principal fator" para a gravidez precoce.
O foco agora passa a ser, portanto, sobre como a menina deve agir com o parceiro para evitar a gravidez -85,5% das garotas não querem filhos, indica o estudo.
Para a coordenadora, as meninas, diante de homens mais velhos, ficam inibidas a propor o uso de camisinha. "Precisamos orientá-las a "negociar" o uso."
No Estado, 16,9% das mães são adolescentes. De 1998 a 2005, porém, os partos de adolescentes caíram 29% graças a um "esforço maior na informação", diz Albertina.

Adolescentes
Patrícia Pereira dos Santos, 18, espera seu segundo filho. O primeiro veio quando ela tinha 15 anos, e começava sua vida sexual. Opai, quase cinco anos mais velho, ao saber da gravidez, disse que não era dele e desapareceu. "Não conseguia acreditar que estava grávida até o dia do parto."
O menino -Hugo Victor- ficou sob a guarda da tia. Patrícia diz que era muito nova na época e nem tinha "noção" para pedir a ele que usasse camisinha. Apesar do "susto" da primeira gravidez, Patrícia resolveu ter mais um filho. Dessa vez, com o consentimento do seu atual namorado.
Lucimara dos Santos, 17, colega de Patrícia na Casa do Adolescente (ligada à Secretaria da Saúde, que presta atendimento social e psicológico aos jovens), também passou por uma gravidez precoce. Seu caso, porém, acabou em aborto espontâneo quando ela tinha 15 anos.
"Em uma semana perdi a virgindade; na outra, fiquei grávida", conta. A diferença de idade entre ela e o rapaz é de sete anos.


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