|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUA dizem lamentar falta de acordo sobre patente
Foi a 1ª manifestação desde a quebra de patente do Efavirenz
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Na primeira manifestação
desde que o Brasil quebrou a
patente do remédio Efavirenz,
o governo norte-americano se
disse "desapontado" com o fato
de os esforços entre as duas
partes envolvidas, o governo
brasileiro e o laboratório norte-americano Merck, não terem
sido bem-sucedidos. A declaração veio do USTr, o escritório
do comércio exterior dos EUA.
"Nós ainda estamos examinando os detalhes da decisão
brasileira", começa, cuidadosa,
Gretchen Hamel, porta-voz do
órgão, em e-mail enviado à Folha. "Acreditamos que é do interesse de nossos parceiros comerciais manterem discussões
significativas e de boa fé com os
detentores de patentes que serão afetados por suas ações."
Conclui: "Nós estamos desapontados com o fato de que os
esforços do Brasil e do detentor
da patente norte-americana
em chegar a um acordo sobre
essa questão aparentemente
não tenham sido bem-sucedidos". A titular do USTr, Susan
Schwab, se encontra hoje, no
Canadá, com o chanceler brasileiro Celso Amorim. A pauta
oficial é a continuação das negociações da Rodada Doha.
Não está claro se o assunto
quebra de patente fará parte
das conversas. De qualquer maneira, ontem, Antonio Patriota,
embaixador brasileiro nos
EUA, tocaria no assunto ao responder a uma pergunta da platéia na palestra sobre política
externa, no CSIS (Center for
Strategic and International
Studies), em Washington.
A questão era como o Brasil
conciliaria a quebra de patente
com o desejo de fazer parcerias
com as chamadas empresas de
tecnologia inovadora.
"Em primeiro lugar, é preciso
deixar claro que eu não acho
que ninguém nos Estados Unidos contesta que a medida brasileira está em perfeita conformidade com os compromissos
e leis internacionais", disse o
diplomata, referindo-se à previsão da Trips (sigla em inglês
para Direitos de Propriedade
Intelectual Relacionadas ao
Comércio) da Organização
Mundial do Comércio (OMC)
sobre quebra de patentes de
medicamentos. Para Patriota, o
instrumento "existe para ser
usado é claro que em casos de
emergência humanitária".
Em entrevista à Folha no domingo, Mark Smith, diretor da
Câmara Americana de Comércio, entidade que reúne três
milhões de empresas, disse que
a maneira com que o Brasil tomou a decisão "assustou" empresários e que a ação igualava
o governo brasileiro à junta militar que governa a Tailândia.
Texto Anterior: Estudo aponta que mães adolescentes engravidam de homens mais velhos Próximo Texto: Evento: "Agora" faz debate amanhã sobre saúde Índice
|