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SIMPÓSIO
Segundo José Gregori, em 1998, jovens dispensados do serviço militar orientarão pessoas a tirar documentos
Governo diz que criará Serviço Civil em 98
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
O secretário nacional dos Direitos Humanos, José Gregori, disse
ontem que criará, em 1998, o Serviço Civil -jovens que forem dispensados do serviço militar terão
aulas de direitos humanos e se tornarão "agentes de cidadania".
"Os agentes de cidadania prestarão serviços à comunidade, como,
por exemplo, orientar cidadãos a
tirar documentos", afirmou Gregori, antes de sua participação no
terceiro dia do seminário São Paulo Sem Medo, promovido pela Rede Globo e pelo Núcleo de Estudos
da Violência da USP (Universidade de São Paulo).
O evento, que acontece no Memorial da América Latina (zona
oeste de São Paulo), termina hoje.
O novo serviço será implantado,
inicialmente, em Brasília. "Em seguida, poderemos estender para os
outros Estados", afirmou Gregori.
Segundo ele, o Serviço Civil é
uma das prioridades da secretaria
para o próximo ano. Para Gregori,
"boa parte dos pontos propostos
pelo Programa Nacional de Direitos Humanos foi executada".
Ele citou a lei que estabelece o
crime de tortura, a lei que transfere
para a Justiça comum o julgamento de crimes dolosos contra vida
praticados por militares contra civis e a lei que transformou em crime o porte ilegal de armas como os
"pontos executados".
José Gregori afirmou que este
ano vai priorizar a instalação de
grupos de apoio à testemunha no
país. "Vamos terceirizar o serviço
de proteção de testemunhas. Contaremos com o auxílio de ONGs
(organizações não-governamentais)", disse o secretário.
Segundo ele, uma ONG de Pernambuco está protegendo 22 testemunhas de crimes.
"A segunda ONG que prestará
esse serviço é do Rio", disse Gregori, sem dizer o nome da entidade. Até o final do ano, segundo ele,
será criado um serviço de proteção
a vítimas de crimes em Porto Alegre (RS). Já existe esse serviço em
Santa Catarina, que nos últimos
três meses atendeu 42 pessoas.
O juiz da 26ª Vara Criminal de
São Paulo, Luiz Flávio Gomes, listou 11 "medidas urgentíssimas"
para combater a violência em São
Paulo. Entre elas, o desarmamento
da população, implantação da segurança comunitária, retirada das
crianças de rua e revisão completa
da legislação penal brasileira,
"que tem entre 700 e 800 leis que
disciplinam os crimes, criando
uma inflação de leis".
No entanto, para o juiz, "a
maior violência do Brasil é pagar
um salário mínimo de R$ 120,00".
Segundo a pesquisadora Nancy
Cardia, do Núcleo de Estudos da
Violência, "a população que é expulsa da cidade, em razão das
obras viárias, e é deslocada para a
periferia contribui para a insegurança, porque os novos moradores
são entendidos como suspeitos".
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