São Paulo, sexta, 9 de maio de 1997.



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Cidade terá guia inédito sobre morros

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

Do melhor baile funk à pior chacina, um pouco da história das 50 maiores favelas do município do Rio e da Baixada Fluminense está resumida num roteiro inédito -o "Guia Rio Favelas"-, com lançamento previsto para este ano.
O autor, André Fernandes, 26, juntou sua experiência de ex-missionário nas favelas cariocas com dados obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Instituto de Planejamento do município e nos jornais durante os últimos quatro anos.
O guia traz números de população, infra-estrutura, transportes, relevo e uma lista de serviços disponíveis, desde os telefones públicos até escolas e áreas de lazer.
Fernandes faz um pequeno histórico do surgimento de cada favela, cita a ação do tráfico de drogas e relembra casos recentes de violência, como a chacina de Vigário Geral, com 21 vítimas, em 1993.
O autor conta, por exemplo, que no morro da Providência (no centro), surgiu a primeira favela do Rio. Na Providência foram assentados os soldados que lutaram na Guerra de Canudos, na Bahia.

Zoológico
O guia relaciona também os movimentos e organizações surgidos nas favelas e fornece uma lista de associações comunitárias e de pessoas que o leitor deve procurar para obter informações ou fazer uma visita ao local com segurança.
"O que eu desejo é que os visitantes não se comportem como se estivessem num zoológico, mas que estejam dispostos a conhecer algo diferente, onde há, além do medo, coisas interessantes", afirma Fernandes.
Por segurança, procurar as associações comunitárias é imprescindível antes de visitar qualquer favela. Em locais dominados pelo tráfico, os sentinelas dos traficantes interceptam e até proíbem a entrada de visitantes.
O livro é dirigido a integrantes de ONGs (organizações não-governamentais), jornalistas e turistas interessados em conhecer mais do que o roteiro turístico do Rio. O guia oficial da Riotur já inclui o Favela Tur, uma visita às favelas Vila Canoas e Rocinha, ambas em São Conrado (zona sul).
Ex-fuzileiro naval, André Fernandes vem de uma família de classe média, trocou a Marinha por uma organização cristã e se tornou missionário batista.
Morou seis meses na favela de Acari (zona norte), um ano no morro do Borel, na Tijuca (zona norte), e três anos no morro Dona Marta, em Botafogo (zona sul), sempre fazendo trabalhos comunitários.
Hoje, Fernandes é assessor comunitário da Fábrica de Esperança, um projeto social na área de educação, saúde e cidadania, em Acari (zona norte), e coordenador da Casa da Cidadania, ONG com atuação no morro Dona Marta.
O "Guia Rio Favelas" fica pronto em dois meses. A publicação está sendo negociada com a editora da Vinde (Visão Nacional de Evangelização) e outras editoras para venda em banca de jornal.



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