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Cidade terá guia
inédito sobre morros
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Do melhor baile funk à pior chacina, um pouco da história das 50
maiores favelas do município do
Rio e da Baixada Fluminense está
resumida num roteiro inédito -o
"Guia Rio Favelas"-, com lançamento previsto para este ano.
O autor, André Fernandes, 26,
juntou sua experiência de ex-missionário nas favelas cariocas com
dados obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Instituto de Planejamento
do município e nos jornais durante os últimos quatro anos.
O guia traz números de população, infra-estrutura, transportes,
relevo e uma lista de serviços disponíveis, desde os telefones públicos até escolas e áreas de lazer.
Fernandes faz um pequeno histórico do surgimento de cada favela, cita a ação do tráfico de drogas e
relembra casos recentes de violência, como a chacina de Vigário Geral, com 21 vítimas, em 1993.
O autor conta, por exemplo, que
no morro da Providência (no centro), surgiu a primeira favela do
Rio. Na Providência foram assentados os soldados que lutaram na
Guerra de Canudos, na Bahia.
Zoológico
O guia relaciona também os movimentos e organizações surgidos
nas favelas e fornece uma lista de
associações comunitárias e de pessoas que o leitor deve procurar para obter informações ou fazer uma
visita ao local com segurança.
"O que eu desejo é que os visitantes não se comportem como se
estivessem num zoológico, mas
que estejam dispostos a conhecer
algo diferente, onde há, além do
medo, coisas interessantes", afirma Fernandes.
Por segurança, procurar as associações comunitárias é imprescindível antes de visitar qualquer favela. Em locais dominados pelo
tráfico, os sentinelas dos traficantes interceptam e até proíbem a entrada de visitantes.
O livro é dirigido a integrantes de
ONGs (organizações não-governamentais), jornalistas e turistas
interessados em conhecer mais do
que o roteiro turístico do Rio. O
guia oficial da Riotur já inclui o Favela Tur, uma visita às favelas Vila
Canoas e Rocinha, ambas em São
Conrado (zona sul).
Ex-fuzileiro naval, André Fernandes vem de uma família de
classe média, trocou a Marinha
por uma organização cristã e se
tornou missionário batista.
Morou seis meses na favela de
Acari (zona norte), um ano no
morro do Borel, na Tijuca (zona
norte), e três anos no morro Dona
Marta, em Botafogo (zona sul),
sempre fazendo trabalhos comunitários.
Hoje, Fernandes é assessor comunitário da Fábrica de Esperança, um projeto social na área de
educação, saúde e cidadania, em
Acari (zona norte), e coordenador
da Casa da Cidadania, ONG com
atuação no morro Dona Marta.
O "Guia Rio Favelas" fica pronto em dois meses. A publicação está sendo negociada com a editora
da Vinde (Visão Nacional de
Evangelização) e outras editoras
para venda em banca de jornal.
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