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LEIS
Reformas do governo
geram crise no Judiciário
EUNICE NUNES
especial para a Folha
Aposentam-se, em média, dois juízes
por dia em São
Paulo. Os magistrados procuram fugir das
regras previstas nas reformas administrativa e previdenciária, entre as quais está a redução do valor
de suas aposentadorias.
Hoje, há 350 cargos de juiz vagos. E dos 132 desembargadores
que integram o Tribunal de Justiça
de São Paulo (TJSP), 126 podem
aposentar-se já, inclusive o presidente, desembargador Dirceu de
Mello.
Ao divulgar o problema, o presidente do TJSP atribuiu às reformas constitucionais a responsabilidade pela crise do Judiciário paulista.
Essa interpretação, referendada
pelos 25 desembargadores que
compõem o Órgão Especial do tribunal, foi publicamente repudiada pela Associação dos Advogados
de São Paulo (AASP).
Em artigo assinado por seu presidente, José Rogério Cruz e Tucci,
a AASP afirmou que os problemas
do Judiciário são anteriores às reformas constitucionais e que se
devem à sua "condescendência
com os demais Poderes instituídos" e à "ineficiência do serviço
oferecido".
Na semana passada, o presidente
do TJSP publicou resposta à manifestação da AASP. Diz que não esperava uma censura tão severa e
lembra que o Poder Judiciário
comporta, além dos juízes, também os advogados, os representantes do Ministério Público e os
servidores da Justiça.
Questão encerrada
Questionados sobre o episódio,
ambos afirmam que o assunto está
encerrado e que se dispõem a trabalhar juntos para encontrar soluções.
"A crise do Judiciário já existia.
Mas as reformas administrativa e
previdenciária podem transformar a crise em caos. É preciso alertar os parlamentares e lembrá-los
que o juiz presta um serviço essencial. Por isso, merece um tratamento diferenciado", avalia Rubens Approbato Machado, presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB-SP).
Rui Celso Reali Fragoso, presidente do Instituto dos Advogados
de São Paulo (IASP), concorda e
diz que as reformas agravaram a
situação.
Fragoso e Approbato defendem
a manutenção dos privilégios dos
juízes, em especial a irredutibilidade de vencimentos e a inamovibilidade do cargo, por considerá-los inerentes à função que exercem.
"O momento é grave. O desembargador Dirceu de Mello mostrou disposição de trabalhar em
conjunto com os advogados e os
representantes do Ministério Público. É hora de juntar forças para
superar o quadro atual".
Luiz Antonio Marrey, procurador geral da Justiça, diz que crise é
uma palavra muito forte. "Há
problemas, mas o Judiciário paulista funciona razoavelmente bem.
A palavra crise pode indicar que
não está funcionando".
Porém, ele admite que a perda de
quadros torna tudo mais difícil.
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