São Paulo, sábado, 9 de maio de 1998

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TUMULTO
Ambulantes do centro de SP voltaram a se manifestar ontem contra a prefeitura, obrigando lojas a fechar
Comércio perde 60% com manifestações

RENATO KRAUSZ
da Reportagem Local

O comércio na região do chamado centro novo de São Paulo sofreu uma queda de aproximadamente 60% desde a última terça-feira, primeiro dia de protesto dos vendedores ambulantes.
A avaliação é das associações de comerciantes das principais ruas atingidas pelos protestos.
Ontem, os ambulantes voltaram a se manifestar, fazendo várias passeatas pela região. Outras duas manifestações, de aposentados e de professores, também contribuíram para paralisar o centro.
"As lojas aqui da rua deixaram de vender cerca de R$ 500 mil desde o início dos protestos", disse Carlos Alberto Mauro, um dos diretores da Ação Local Barão de Itapetininga.
Desde a criação do movimento Viva Centro, deixou de existir o clube de lojistas e cada rua passou a ter uma associação.
"Nos dias de protesto praticamente não teve negócio. Estou atendendo meus clientes em casa. Todos os comerciantes da rua estão vendendo no máximo 40% do normal", disse Anete Neuman, uma das diretoras da Ação Local Dom José de Barros.
"Só seria pior se, em vez do Dia das Mães, estivéssemos próximos do Dia dos Pais", afirmou Marcelo Morais, gerente de uma loja de moda masculina na mesma rua.
Segundo os comerciantes, as vendas já haviam caído muito desde dezembro do ano passado, quando os camelôs expulsos da praça da República foram para a região da Barão de Itapetininga e ruas próximas.

Protesto
A manifestação de ontem começou por volta das 10h30 e foi a que reuniu mais pessoas desde terça-feira: cerca de 1.500 ambulantes participaram. O protesto, no entanto, enfraqueceu à tarde e acabou mais cedo, às 16h.
A PM também estava com mais homens na região. Além dos 240 homens do policiamento local, havia mais 100 da tropa de choque, inclusive um pelotão do canil.
Às 10h30, houve um início de conflito com a polícia, mas depois, ao contrário do que havia dito anteontem, o comando da PM no local permitiu que as passeatas dos camelôs fossem realizadas.
Os ambulantes dessa vez saíram em passeata pelas ruas do chamado centro velho: Direita, 25 de Março, Augusto Severo etc.
O trânsito ficou interrompido e todas as lojas fecharam na passagem dos manifestantes. Na rua 25 de Março, por exemplo, nenhuma loja ficou de portas abertas.
Os ambulantes que insistiam em trabalhar no centro velho -região ainda não desocupada pela prefeitura- também eram obrigados a fechar suas barracas. Os protestos devem continuar até amanhã, segundo os camelôs.



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