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POLÍCIA
Um dos presos é acusado de ter participado da chacina em Vigário Geral; os depoimentos não convenceram
Suspeita de sequestro envolve policial
RONI LIMA
da Sucursal do Rio
Cinco homens armados -dentre eles um ex-policial que é réu no
processo da chacina de Vigário
Geral- foram presos ontem no
Jardim América (zona norte do
Rio). A polícia suspeita que o grupo iria sequestrar um empresário.
O ex-PM Gil Azambuja dos Santos, o soldado PM licenciado Estéfano José Avelino de Oliveira, Carlos Azeredo Teixeira e os irmãos
Ronaldo e Reginaldo Souza Carvalho estavam em dois veículos
carregando um fuzil AR-15, três
pistolas e um revólver 38.
O grupo estava estacionado em
frente ao prédio da Indústria Mecânica de Ventiladores Trocalor,
na rua São Ciro, em um furgão e
um carro de passeio. Os cinco foram cercados e presos por seis
PMs às 8h10.
O sargento do 9º BPM (Batalhão
de Polícia Militar) Carlos Roberto
da Silva, que participou do cerco,
acha que os cinco se preparavam
para sequestrar o dono da Trocalor, Carlos Alberto das Chagas.
Segundo Silva, no mês passado,
o dono da Trocalor já havia comunicado ao 9º BPM que estava
apreensivo com a presença de um
carro suspeito rondando sua empresa. Procurado pela Folha, Chagas não quis falar.
"Acredito que estavam ali para
sequestrar o dono da firma. Dez
minutos depois que foram presos,
ele chegou carregando sua maleta", disse o sargento.
Na 39ª DP (Delegacia de Polícia,
na Pavuna), os cinco "contaram
histórias desencontradas", segundo um delegado.
Um deles teria dito que o grupo
estava à espera de um traficante de
uma favela próxima para fazer
uma apreensão de drogas. "Não
foi convincente o relato deles",
afirmou o sargento Silva.
Além do armamento, os PMs
apreenderam com o grupo quatro
telefones celulares, um colete e um
giroscópio da Polícia Civil. Segundo Silva, os PMs faziam um patrulhamento regular quando observaram os dois veículos suspeitos.
"Eram dois carros cheios de homens armados", afirmou Silva.
Ele disse ter reconhecido logo,
dentro de um dos carros, o ex-PM
Gil Azambuja dos Santos, suspeito
de ter participado da chacina de
Vigário Geral, em 1993.
Santos responde ao processo em
liberdade. Em abril, começou a ser
julgado com mais 9 dos 50 acusados pela chacina de 21 moradores
da favela de Vigário Geral. Mas o
julgamento acabou anulado e
transferido para outra data.
Apesar de não ter sido ainda julgado, Santos foi expulso da PM
por conta do envolvimento de seu
nome com a chacina.
Segundo testemunhas da chacina, o crime teria sido uma vingança. Na véspera, quatro PMs do 9º
BPM foram mortos em uma praça
perto da favela por supostos traficantes de drogas de Vigário Geral.
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