São Paulo, quarta-feira, 09 de junho de 2010

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GARABED PANDJARJIAN (1905-2010)

Imigrante armênio de 105 anos

TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

Garabed Pandjarjian deixou a Armênia aos 19 anos acompanhado dos pais e dos dois irmãos, rumo ao Brasil. A família, muito rica, perdera quase tudo após o massacre cometido pelo povo turco, no final do Império Otomano.
Chegaram ao país depois de dois meses a bordo de um navio. Sem nenhum dinheiro, começaram a trabalhar no Mercado Municipal, no centro de São Paulo, vendendo cebolas e batatas.
Tempos depois, a família conseguiu abrir uma fábrica de sapatos, na região do Brás, também no centro.
Aos 23 anos, Garabed casou-se com uma armênia, filha de amigos da família. A menina, com 17 anos, já estava prometida para ele.
Quando abriu a própria fábrica de sapatos, contava com a ajuda do filho, com 12 anos. Quando o menino cresceu, fez faculdade de economia e de direito e se desencantou pelo negócio do pai.
Os dois decidiram, então, abrir uma construtora, que fez prédios residenciais em áreas nobres da capital -Garabed viveu num apartamento em Higienópolis, construído pela própria firma.
Mesmo sendo feliz no Brasil, não se esqueceu da Armênia. Ajudou a fundar uma igreja cristã ortodoxa armênia em São Paulo.
Sempre que ia às missas, passava a maior parte do tempo na porta do templo, discutindo com os conterrâneos a política de seu país.
Viveu até os 105, sem nunca ter tido problemas de saúde. Para a nora, o segredo da vitalidade do sogro era a dieta baseada em iogurtes e quibes crus. Morreu no sábado (29), após parada cardíaca. Deixa filho e dois netos.

coluna.obituario@uol.com.br


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