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GARABED PANDJARJIAN (1905-2010)
Imigrante armênio de 105 anos
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
Garabed Pandjarjian deixou a Armênia aos 19 anos
acompanhado dos pais e dos
dois irmãos, rumo ao Brasil.
A família, muito rica, perdera
quase tudo após o massacre
cometido pelo povo turco, no
final do Império Otomano.
Chegaram ao país depois
de dois meses a bordo de um
navio. Sem nenhum dinheiro, começaram a trabalhar
no Mercado Municipal, no
centro de São Paulo, vendendo cebolas e batatas.
Tempos depois, a família
conseguiu abrir uma fábrica
de sapatos, na região do
Brás, também no centro.
Aos 23 anos, Garabed casou-se com uma armênia, filha de amigos da família. A
menina, com 17 anos, já estava prometida para ele.
Quando abriu a própria fábrica de sapatos, contava
com a ajuda do filho, com 12
anos. Quando o menino cresceu, fez faculdade de economia e de direito e se desencantou pelo negócio do pai.
Os dois decidiram, então,
abrir uma construtora, que
fez prédios residenciais em
áreas nobres da capital -Garabed viveu num apartamento em Higienópolis, construído pela própria firma.
Mesmo sendo feliz no Brasil, não se esqueceu da Armênia. Ajudou a fundar uma
igreja cristã ortodoxa armênia em São Paulo.
Sempre que ia às missas,
passava a maior parte do
tempo na porta do templo,
discutindo com os conterrâneos a política de seu país.
Viveu até os 105, sem nunca ter tido problemas de saúde. Para a nora, o segredo da
vitalidade do sogro era a dieta baseada em iogurtes e quibes crus. Morreu no sábado
(29), após parada cardíaca.
Deixa filho e dois netos.
coluna.obituario@uol.com.br
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