da Reportagem Local

Os resultados do Saresp-97 confirmam a idéia de que a reprovação de alunos é prejudicial para a aprendizagem. Tanto na 4ª série como na 8ª série, em português e matemática, quanto mais velhos os alunos (ou seja, quanto mais vezes eles repetiram de ano), pior o nível de habilidade. Na 4ª série, por exemplo, os alunos que estão com idade adequada (9 anos) têm pontuação 53, tanto em português como em matemática. Já entre os alunos com 12 anos (que, portanto, foram reprovados três vezes), a pontuação cai para 44 em português e 46 em matemática. É com base em indicadores desse tipo que, cada vez mais, estão sendo implantados ciclos nas redes públicas de ensino. Os ciclos são períodos que unem algumas séries entre as quais os alunos não podem ser reprovados. A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, por exemplo, introduziu este ano dois ciclos no ensino fundamental (1º grau). O primeiro cobre da 1ª à 4ª série e, o segundo, da 5ª à 8ª. Ou seja, na rede estadual de São Paulo não se reprova mais alunos entre a 1ª e 4ª séries e entre a 5ª e a 8ª. As principais críticas de especialistas a esse tipo de medida é que, se ela não for associada a um rigoroso sistema de avaliação (para detectar o nível de habilidade de cada aluno) e de recuperação para aqueles que estão com deficiências de aprendizagem, pode-se estar simplesmente aprovando automaticamente o aluno, sem cuidar para que ele realmente aprenda. O relatório do Saresp-97 aponta a adequação da idade à série como principal variável a influenciar os resultados no exame. Mas há também outras variáveis bastante importantes. Na 4ª série, por exemplo, uma variável importante é o aluno ficar o ano todo com a mesma turma. Há uma prática nas redes públicas de, à medida que o ano corre e as classes se esvaziam devido à evasão, reagrupar os alunos. Os resultados do Saresp mostram que isso é prejudicial ao aluno. Também foi detectado que nas escolas que atendem alunos da mesma faixa etária (por exemplo, apenas da 1ª à 4ª série), os alunos têm notas melhores. O envolvimento do diretor nas questões pedagógicas da escola (e não apenas nas administrativas) também influencia positivamente o desempenho dos alunos. O número de livros que os alunos da 8ª série têm em casa melhora seu desempenho em português Fazer a tarefa melhora o resultado em matemática. (FERNANDO ROSSETTI)


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