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Estado exporta doença para outras regiões do país
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
São Paulo está "exportando" a
epidemia de sarampo para outras
regiões do país. Pelo menos dois
Estados já registraram surtos isolados da doença, causados por
pessoas que haviam contraído sarampo em São Paulo.
O primeiro surto aconteceu na
região de Feira de Santana (BA),
onde foram registrados 25 casos.
Em Araripe (CE), o surto atingiu
18 pessoas.
"Como as cidades atingidas na
Bahia e Ceará eram pequenas, foi
fácil controlar a expansão do sarampo. Mas São Paulo tem um dos
maiores fluxos migratórios do país
e há sempre a ameaça de que atinja
outras capitais", afirma Jaime Barbosa, diretor do Centro de Epidemiologia da Fundação Nacional da
Saúde.
Outro agravante é o fato de julho
ser mês de férias, o que aumenta
ainda mais o número de pessoas
entrando e saindo de São Paulo.
Vacinação em massa
Barbosa afirmou que, se não
houver queda nos casos de sarampo registrados neste mês em São
Paulo, todas as crianças que vivem
na região metropolitana e nos municípios em que houve surtos da
doença serão revacinadas na próxima Campanha Nacional de Multivacinação, em 16 de agosto.
"Só estamos esperando que o
Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo envie as ocorrências de sarampo de julho para decidirmos o que fazer. Se os casos não
tiverem caído, é porque a campanha de 21 de junho não fez o efeito
esperado", diz Barbosa.
Outra medida que deverá ser tomada para evitar que a epidemia
de sarampo se espalhe pelo resto
do país é diminuir para 6 meses a
idade mínima da vacinação.
Normalmente, só são vacinadas
crianças a partir de 9 meses. A decisão de baixar a idade foi tomada
depois que foram registrados em
São Paulo vários casos de bebês
com menos de 9 meses que haviam
contraído a doença.
A redução da faixa etária deverá
valer para todo o país e, segundo
Barbosa, não causa risco à saúde
do bebê. "Normalmente só vacinamos a partir dos 9 meses porque
já não há mais anticorpos da mãe
no corpo do bebê, e há garantia de
que a criança ficará imunizada para sempre. Aos 6 meses, o bebê pode tomar vacina contra sarampo
sem riscos, mas terá de receber dose de reforço mais tarde."
Segundo Barbosa, a epidemia de
sarampo em São Paulo foi causada
por dois motivos. O primeiro foi
um erro no cálculo da porcentagem de crianças que haviam sido
imunizadas nos últimos cinco
anos. "Os dados indicavam que
100% das crianças haviam sido
imunizadas, mas só 80% haviam
de fato recebido a vacina", diz.
O segundo problema foi o retardo com que a epidemia foi descoberta. "O surto começou em setembro, mas só foi detectado em
dezembro." Barbosa nega que esteja faltando vacina em São Paulo.
"Na campanha de multivacinação
de 21 de junho sobrou vacina contra sarampo. É impossível que
agora esteja faltando", diz.
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