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Experiência inspira artesã de bonecas negras
DA SUCURSAL DO RIO
A artesã negra Andrea Ramos
passou a infância brincando com
bonecas brancas. Aos 18 anos, ganhou uma boneca negra e descobriu uma forma de ganhar a vida.
"Resolvi fazer bonecas negras,
para que as crianças da minha raça não sejam mais obrigadas a
brincar sempre com bonecas
brancas", afirma Andrea, que há
dois anos fabrica e vende suas bonecas no centro da cidade de São
Paulo.
Andrea, a mãe e as primas têm
uma fábrica artesanal e produzem
bonecas de vários modelos e materiais. Vendem de 100 a 150 unidades por mês.
Assim como Andrea, Dilma Pereira também vende bonecas negras. Ela conta que estava fazendo
curso para o magistério quando
estranhou a ausência de materiais
didáticos para tratar da questão
racial. Há dez anos, Dilma começou a fazer bonecas negras para
educar os alunos.
Até hoje, quando há festas infantis na escola de seu filho -na
qual a maioria de alunos é branca,
segundo ela- Dilma distribui
bonecas negras às crianças.
"Tenho a esperança de conquistar as crianças para a luta contra o
racismo", afirmou Dilma.
A advogada Maria do Carmo
Valério resolveu investir em outra
área. Montou uma indústria de
maquiagem cujo carro-chefe são
os cremes e batons para mulheres
negras. Os batons homenageiam
negras famosas, como a atriz Zezé
Mota e a vice-governadora do
Rio, Benedita da Silva.
A advogada diz que resolveu
criar a linha de produtos para negras depois que, ao dar uma entrevista na TV, teve de ser maquiada com uma base branca.
"O maquiador me disse que não
havia produtos para a minha pele.
Fiquei horrorosa, parecia que estava usando uma máscara", lembra a advogada.
Na entrada da conferência, vários quiosques vendiam produtos
específicos para negros. Um dos
mais procurados era o que fazia o
teste para a identificação da anemia falciforme (forma da doença
que atinge preferencialmente negros e seus descendentes).
Uma equipe da Secretaria de
Saúde do Estado colheu sangue
de mais de 400 pessoas. Os resultados sairão em cerca de 20 dias.
O presidente da Associação dos
Falcêmicos do Rio de Janeiro, Gilberto dos Santos, disse que uma
das dificuldades no combate à
doença é o desconhecimento da
população.
"O Brasil tem hoje 42 mil portadores da anemia falciforme, mas
muitas pessoas têm o traço da
doença, ou seja, não são doentes,
mas podem transmitir o mal aos
filhos", afirmou.
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