São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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BARBARA GANCIA

Incompetência é especialidade da casa?

Batuco as teclas com grande dificuldade ao escrever esta coluna. Suspeito ter deslocado o ombro, e a culpa pelo meu infortúnio tem nomes e sobrenome: William Jefferson Clinton.
Antes que o nobre leitor se atreva a imaginar alguma impropriedade, sugiro que ele tente ler as 957 páginas da recém-lançada biografia do ex-presidente, "Minha Vida", deitado na cama. Além de estar mais para arma de defesa pessoal do que para livro de memórias de alguém com menos de 60 anos, o calhamaço de Bill Clinton conseguiu dar um nó em todos os músculos do meu pescoço e braços por conta de sua narrativa, minuciosa demais, cautelosa demais e que nada tem do charme ou do refinamento exibidos normalmente pelo autor. Estou só no primeiro terço do livro, mas já sinto vontade de atirá-lo pela janela. Só não o faço por receio de matar quem estiver passando lá embaixo na hora H.
 
Já pintaram vários pés atrás a respeito da realização do jogo da seleção tapuia no Haiti. Começam a pipocar comentários de que será impossível garantir a segurança dos jogadores e de que a partida pode servir como estopim para matanças.
Ora, ora, que se use a criatividade da CBF, do Exército, do Ministério das Relações Exteriores e de todas as outras autoridades envolvidas na operação.
Se o Brasil se considera apto a realizar uma olimpíada em nosso Haiti caseiro, o Rio de Janeiro, e se vive se candidatando para sediar a Copa do Mundo, não deveria encontrar dificuldades em perpetrar um mero jogo em condições tão adversas quanto as que vira e mexe encontramos aqui.
Para quem está acostumado a promover os desfiles de Carnaval com parcos recursos desde a época em que não havia telefones nos morros, uma pelada não deveria intimidar.
Será que nosso famoso jogo de cintura, adquirido pelas dificuldades de quem se acostumou, durante anos a fio, a rebolar com índices de inflação mirabolantes, com os meandros de uma burocracia sem lógica e com toda sorte de violência e injustiça, não há de servir para colocar um bom projeto em prática?
Ou vamos repetir com o Haiti a mesma demonstração de incompetência e falta de empenho que acabamos de dar à Suíça, cuja Justiça decidiu arquivar, em Genebra, o processo por lavagem de dinheiro que corria contra o candidato Paulo Maluf, alegando não ter havido, por parte da Promotoria de Justiça da Cidadania de São Paulo, "colaboração suficiente" para levar o processo adiante?

QUALQUER NOTA

Máfia de luto?
Passou batido o anúncio fúnebre de uma suposta "família Corleone", publicado na semana passada nos jornais, onde se lia: "É com tremendo pesar que esposa, filhos, netos e amigos comunicam o falecimento de Marlon Brando". Assinado pela agência TBWA, o misterioso anúncio só pode ser coisa de publicitário fã do ator.

Diferenciados
Na escola norte-americana Maria Imaculada, na Chácara Santa Helena, onde os filhos de Law Kin Chong, Henrique e Thomas, estudaram por anos, colegas de classe se lembram deles como dois sujeitos "super do bem".

E-mail - barbara@uol.com.br www.uol.com.br/barbaragancia

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