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ADMINISTRAÇÃO
Serão quatro estacionamentos subterrâneos, somando 5.740 vagas; entidades criticam privilégio ao carro
Prefeitura duplica garagens no Ibirapuera
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo vai
abrir licitação para a construção
de quatro garagens subterrâneas,
totalizando 5.740 vagas de estacionamento na região do parque
Ibirapuera (zona sul) -em vez
das duas garagens com 3.100 vagas previstas em 2003, quando o
Executivo conseguiu aprovar
uma lei que autoriza as obras.
As quatro áreas foram definidas
em decreto publicado ontem no
"Diário Oficial" do município.
A duplicação atende a uma demanda reprimida e deverá tornar
o projeto mais interessante para a
iniciativa privada, porque oferecerá mais opções de localização,
afirma o secretário do Verde e do
Meio Ambiente, Adriano Diogo.
As garagens estão previstas no
Plano Diretor do Ibirapuera,
aprovado pelo Cades (conselho
municipal de meio ambiente).
Não agradaram, porém, nem ao
Movimento Defenda São Paulo,
nem à Sojal, Sociedade dos Moradores e Amigos do Jardim Luzitânia, área residencial nobre vizinha
ao parque. As duas entidades afirmam que mais garagens vão
atrair mais carros, o que significa
mais poluição do ar no entorno.
A zona do Ibirapuera é a que
mais sofre com altas concentrações de ozônio, formado por
compostos gerados pela queima
de combustível dos veículos e que
pode afetar as vias respiratórias.
Pesquisa da Faculdade de Saúde
Pública da USP mostrou ainda
que mesmo poluentes cujos níveis não ultrapassam o padrão
causam mutações em plantas no
local -indicador de potencial
risco para os freqüentadores do
parque, que chega a receber 100
mil pessoas em fins de semana.
Reduzir a poluição é um dos
principais objetivos das novas garagens, diz, por sua vez, Diogo. As
vagas subterrâneas deverão acabar com o tráfego dentro do parque, que tem bolsões de estacionamento para 1.200 carros. Eles
vão dar lugar a pelo menos 150
mil m2 de área verde extra.
Diogo diz não acreditar que novas garagens induzam o aumento
de carros nas imediações do parque e afirma que, nos fins de semana em que há shows ou eventos, chegam a circular 10 mil veículos por dia na região. "As vagas
subterrâneas vão acabar com a situação infernal dos moradores do
Jardim Luzitânia, cujas ruas e garagens viram estacionamento."
"Não se as pessoas chegarem de
carro, mas o preço nas garagens
for muito alto", rebate Mario Lorenzetti, da Sojal. Tanto ele como
Regina Monteiro, do Defenda São
Paulo, dizem que, em vez de investir só numa solução para os
veículos de passeio, a prefeitura
devia incentivar o uso do transporte coletivo para ir ao parque.
Diogo afirma que já existem linhas de microônibus ligando a estação Ana Rosa do metrô ao Ibirapuera. Já os preços serão sugeridos por quem participar da concorrência para construir e explorar as garagens. Ele diz que o edital vai exigir valores menores nos
horários em que se costuma ir ao
parque para praticar exercícios.
As garagens subterrâneas nas
regiões da República e da Sé (centro) ainda não tiveram suas áreas
definidas por decreto, por isso
não podem ser alvo de licitação.
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