São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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ADMINISTRAÇÃO

Serão quatro estacionamentos subterrâneos, somando 5.740 vagas; entidades criticam privilégio ao carro

Prefeitura duplica garagens no Ibirapuera

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo vai abrir licitação para a construção de quatro garagens subterrâneas, totalizando 5.740 vagas de estacionamento na região do parque Ibirapuera (zona sul) -em vez das duas garagens com 3.100 vagas previstas em 2003, quando o Executivo conseguiu aprovar uma lei que autoriza as obras.
As quatro áreas foram definidas em decreto publicado ontem no "Diário Oficial" do município.
A duplicação atende a uma demanda reprimida e deverá tornar o projeto mais interessante para a iniciativa privada, porque oferecerá mais opções de localização, afirma o secretário do Verde e do Meio Ambiente, Adriano Diogo. As garagens estão previstas no Plano Diretor do Ibirapuera, aprovado pelo Cades (conselho municipal de meio ambiente).
Não agradaram, porém, nem ao Movimento Defenda São Paulo, nem à Sojal, Sociedade dos Moradores e Amigos do Jardim Luzitânia, área residencial nobre vizinha ao parque. As duas entidades afirmam que mais garagens vão atrair mais carros, o que significa mais poluição do ar no entorno.
A zona do Ibirapuera é a que mais sofre com altas concentrações de ozônio, formado por compostos gerados pela queima de combustível dos veículos e que pode afetar as vias respiratórias.
Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública da USP mostrou ainda que mesmo poluentes cujos níveis não ultrapassam o padrão causam mutações em plantas no local -indicador de potencial risco para os freqüentadores do parque, que chega a receber 100 mil pessoas em fins de semana.
Reduzir a poluição é um dos principais objetivos das novas garagens, diz, por sua vez, Diogo. As vagas subterrâneas deverão acabar com o tráfego dentro do parque, que tem bolsões de estacionamento para 1.200 carros. Eles vão dar lugar a pelo menos 150 mil m2 de área verde extra.
Diogo diz não acreditar que novas garagens induzam o aumento de carros nas imediações do parque e afirma que, nos fins de semana em que há shows ou eventos, chegam a circular 10 mil veículos por dia na região. "As vagas subterrâneas vão acabar com a situação infernal dos moradores do Jardim Luzitânia, cujas ruas e garagens viram estacionamento."
"Não se as pessoas chegarem de carro, mas o preço nas garagens for muito alto", rebate Mario Lorenzetti, da Sojal. Tanto ele como Regina Monteiro, do Defenda São Paulo, dizem que, em vez de investir só numa solução para os veículos de passeio, a prefeitura devia incentivar o uso do transporte coletivo para ir ao parque.
Diogo afirma que já existem linhas de microônibus ligando a estação Ana Rosa do metrô ao Ibirapuera. Já os preços serão sugeridos por quem participar da concorrência para construir e explorar as garagens. Ele diz que o edital vai exigir valores menores nos horários em que se costuma ir ao parque para praticar exercícios.
As garagens subterrâneas nas regiões da República e da Sé (centro) ainda não tiveram suas áreas definidas por decreto, por isso não podem ser alvo de licitação.


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