São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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Hospitais têm déficit de R$ 6 mi em PE

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Os hospitais vinculados ao SUS (Sistema Único de Saúde) em Pernambuco acumulam um déficit de R$ 6 milhões por mês, segundo dados divulgados ontem pela Secretaria Estadual da Saúde.
Por causa da crise, faltam remédios, insumos e funcionários.
Em vários hospitais, o sistema ameaça entrar em colapso. É o caso do hospital Oswaldo Cruz, vinculado à UPE (Universidade de Pernambuco), uma das maiores instituições de atendimento público do Estado. Com um déficit de R$ 500 mil mensais, o hospital suspendeu a internação de novos pacientes na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de doenças infecciosas, por falta de antibióticos.
Também por falta de medicamentos, reduziu o atendimento no setor de quimioterapia em 50%. Das 975 pessoas que procuram o local todos os meses, somente 490 serão atendidas.
A falta de recursos levou ainda a direção do Oswaldo Cruz a reduzir em 20% o número de leitos disponíveis. Em vez de 347, atenderá agora com apenas 277.
Um pavilhão com outros 128 leitos, inaugurado em junho de 2003, continua desativado por falta de pessoal. Com cerca de 1.600 funcionários, o hospital precisa de pelo menos mais 500 pessoas, segundo o diretor-geral da instituição, Ricardo Coutinho.
O diretor esteve nesta semana em Brasília para negociar. Segundo ele, o Ministério da Saúde aceitou suspender por dois meses o desconto, no repasse à instituição, de R$ 235 mil mensais referentes a um empréstimo concedido em julho de 2003. "Não é uma solução definitiva, mas ajuda nesse momento de crise." Segundo ele, o resultado das negociações neste mês será "crucial" para o hospital. "Nossos fornecedores estão no limite, pedindo empréstimos para saldar suas dívidas."
A Secretaria da Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco, ao qual está vinculado o hospital, informou que um projeto para a contratação, por meio de concurso, de 78 funcionários para a instituição tramita na Assembléia Legislativa.
O secretário da Saúde do Estado, Guilherme Robalinho, disse também que o Legislativo analisa projeto para a contratação de mais 1.824 pessoas, sendo 764 médicos, para a rede pública.
Robalinho afirmou ainda que está negociando com o Ministério da Saúde o aumento do repasse dos recursos do SUS e, com os hospitais, a definição de uma "cesta básica" de medicamentos e insumos para cada unidade.
O secretário atribui a crise no sistema público de saúde de Pernambuco ao "empobrecimento da classe média, à deficiência da rede básica de atendimento e aos baixos valores pagos pelo SUS".


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