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BARBARA GANCIA
Eusébio Matoso é a nossa ponte dos Suspiros
Nos últimos dias, nas vezes em que olho pela janela
e vejo a confusão no trânsito causada pelo caminhão que entalou
sob a ponte Eusébio Matoso, confesso a você, meu caro leitor, que
xingo sistematicamente e em voz
alta a mãe do termocéfalo do motorista que causou o "strike".
Minha rua, que antes só ficava
entupida de carros por algum
tempo no final da tarde, agora
passa o dia inteiro congestionada.
O dióxido de carbono dos escapamentos dos carros anda tão intenso, que atualmente minha fiel
Maria se vê obrigada a passar pano de chão no piso da sala quando chega e quando vai embora.
Eu me pergunto quem é esse ser
que atravancou a nossa vida com
tamanha pertinácia. Quantos
anos terá? Será casado? Seus vizinhos terão noção do que ele
aprontou? A criançada estará
atazanando os filhos dele no recreio? Terá ele tomado umas canas a mais antes e/ou depois de
causar o desastre? Os colegas de
trabalho estarão rindo dele na
cantina da empresa em que ele
trabalha ou trabalhava? Terá ele
chorado ao ser repreendido pelo
chefe? Estará escondido na casa
de algum cunhado?
Por mais que eu alimente minha ira especulando sobre a vida
e a obra do insensato que colocou
o trânsito da cidade na UTI por
180 dias, não consigo deixar de
pensar que a mãe dele talvez não
seja a única que mereça ser homenageada diariamente. Não
custa lembrar das mães dos que
bolaram o sistema que alerta os
motoristas para o excesso de altura da carga dos veículos, não é
mesmo?
Você sabia que muitas vezes esse sistema dá chabu? A CET mantém sirenes de aviso e luzes que
piscam para avisar os motoristas
de caminhão, mas tanto as luzes
quanto as sirenes estão sempre
desligadas porque, segundo alegam, elas atrapalham o motorista
comum.
E você sabia que os vãos das
pontes nem sempre têm a altura
indicada nas placas devido ao recapeamento constante das pistas?
Muitas placas, inclusive, estão
presas na estrutura da ponte e em
dias de chuva ou neblina só podem ser lidas quando já é tarde
demais, sabia não?
E sabia também que às vezes a
placa de altura vale para uma
parte da ponte, mas, se o motorista não passar no lugar certo, correrá o risco de ficar entalado por
conta de um desnível qualquer
entre um canto e outro da ponte?
Para você ver, caro leitor, como a
mãe do termocéfalo da Eusébio
Matoso é bem mais pura do que a
gente possa imaginar.
QUALQUER NOTA
Justificativa
O senador mencionado nesta
coluna na semana passada,
cujo filho deu show em vôo
da Varig, ligou para dizer que
o menino tem nove anos e
aos cinco foi tirado de baixo
de um viaduto e adotado pelo
senador. Isso explicaria a
confusão de valores infundida no petiz. Espera-se que,
com o tempo, o pai consiga
corrigir os desvios que deixaram atônitos os outros passageiros do vôo.
Susto foi maior
Reynaldo Gianecchini não
quebrou um, mas quatro
dentes no acidente durante as
filmagens de "Esperança".
Levou sete pontos e ainda
dormiu no hospital.
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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