São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002

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BARBARA GANCIA

Eusébio Matoso é a nossa ponte dos Suspiros

Nos últimos dias, nas vezes em que olho pela janela e vejo a confusão no trânsito causada pelo caminhão que entalou sob a ponte Eusébio Matoso, confesso a você, meu caro leitor, que xingo sistematicamente e em voz alta a mãe do termocéfalo do motorista que causou o "strike".
Minha rua, que antes só ficava entupida de carros por algum tempo no final da tarde, agora passa o dia inteiro congestionada. O dióxido de carbono dos escapamentos dos carros anda tão intenso, que atualmente minha fiel Maria se vê obrigada a passar pano de chão no piso da sala quando chega e quando vai embora.
Eu me pergunto quem é esse ser que atravancou a nossa vida com tamanha pertinácia. Quantos anos terá? Será casado? Seus vizinhos terão noção do que ele aprontou? A criançada estará atazanando os filhos dele no recreio? Terá ele tomado umas canas a mais antes e/ou depois de causar o desastre? Os colegas de trabalho estarão rindo dele na cantina da empresa em que ele trabalha ou trabalhava? Terá ele chorado ao ser repreendido pelo chefe? Estará escondido na casa de algum cunhado?
Por mais que eu alimente minha ira especulando sobre a vida e a obra do insensato que colocou o trânsito da cidade na UTI por 180 dias, não consigo deixar de pensar que a mãe dele talvez não seja a única que mereça ser homenageada diariamente. Não custa lembrar das mães dos que bolaram o sistema que alerta os motoristas para o excesso de altura da carga dos veículos, não é mesmo?
Você sabia que muitas vezes esse sistema dá chabu? A CET mantém sirenes de aviso e luzes que piscam para avisar os motoristas de caminhão, mas tanto as luzes quanto as sirenes estão sempre desligadas porque, segundo alegam, elas atrapalham o motorista comum.
E você sabia que os vãos das pontes nem sempre têm a altura indicada nas placas devido ao recapeamento constante das pistas? Muitas placas, inclusive, estão presas na estrutura da ponte e em dias de chuva ou neblina só podem ser lidas quando já é tarde demais, sabia não?
E sabia também que às vezes a placa de altura vale para uma parte da ponte, mas, se o motorista não passar no lugar certo, correrá o risco de ficar entalado por conta de um desnível qualquer entre um canto e outro da ponte? Para você ver, caro leitor, como a mãe do termocéfalo da Eusébio Matoso é bem mais pura do que a gente possa imaginar.

QUALQUER NOTA

Justificativa
O senador mencionado nesta coluna na semana passada, cujo filho deu show em vôo da Varig, ligou para dizer que o menino tem nove anos e aos cinco foi tirado de baixo de um viaduto e adotado pelo senador. Isso explicaria a confusão de valores infundida no petiz. Espera-se que, com o tempo, o pai consiga corrigir os desvios que deixaram atônitos os outros passageiros do vôo.

Susto foi maior
Reynaldo Gianecchini não quebrou um, mas quatro dentes no acidente durante as filmagens de "Esperança". Levou sete pontos e ainda dormiu no hospital.

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