São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Adversários condenam ações do Gradi

JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

No campo político, o efeito das operações de infiltração de presos em quadrilhas, feitas pela Gradi, é um só: todos contra um. Todos, no caso, são os adversários de Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelo governo do Estado.
Procurados pela Folha, Paulo Maluf (PPB), Fernando Morais (PMDB) e José Genoino (PT) adotaram posições semelhantes ao condenarem as ações da rede clandestina de inteligência montada pela PM (Polícia Militar).
O tucano Alckmin, repetindo seu gesto dos últimos dias, foi o único a sair em defesa do Gradi (Grupo de Repressão e Análise de Delitos de Intolerância) e de suas ações. "Para deixar claro: não vou vou extinguir o Gradi."
O ataque mais veemente contra as atuações do grupo partiu de Maluf, o que mais, estrategicamente, polariza com Alckmin. Ele foi o único a prometer, se eleito, a desativação do Gradi.
"Isso é uma atuação de um governador fora-da-lei. O governador, quando toma posse, jura respeitar a Constituição e as leis. E um governador que não respeita as leis, prevarica. Não pode ser governador", disse Maluf.
A declaração foi feita em resposta à pergunta enviada pela reportagem ao candidato, como no caso de Morais, Genoino e Alckmin.
Para todos os candidatos ao governo, a questão foi a mesma: "Caso seja eleito, o sr. vai manter em atuação o Gradi, que recrutou presos para investigar quadrilhas de criminosos? O sr. concorda com esse tipo de atuação?".
"O governo tucano esqueceu que polícia é polícia, bandido é bandido. Não há hipótese razoável para esta promiscuidade que só afronta a tradição da polícia paulista", disse Morais.

Vácuo
Como Maluf, o peemedebista considera as ações do grupo ilegais. "As investigações sigilosas são úteis à proteção da sociedade, mas devem ser feitas dentro da lei e dos princípios éticos e jurídicos do Estado de direito pelo qual muitos de nós combateram e até morreram nas mãos de aparelhos clandestinos. O governador Alckmin deveria renunciar já."
Os aspectos legais das ações do Gradi foram mencionados por Maluf e Morais no mesmo dia em que o presidente do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo, Sérgio Augusto Nigro Conceição, disse que ""em tese, é ilegal a infiltração" de presos em quadrilhas.
Genoino, como Morais, recorreu ao termo "promiscuidade" para dar sua resposta. "No meu governo, não vai haver essa relação de promiscuidade com integrantes de quadrilhas ou do PCC. A polícia não será enganada com ações espetaculosas quando querem mais dividendos eleitorais do que a defesa do cidadão e da sociedade", afirmou.

Dentro da lei
"Como governador -agora e no próximo mandato-, minha orientação para o secretário da Segurança Pública e para a polícia de São Paulo é clara: o Estado deve usar todos os instrumentos legais à sua disposição para combater o crime, sobretudo o crime organizado, as quadrilhas", disse o governador Alckmin.
Em sua resposta, Alckmin fez questão de frisar que considera legais as ações do Gradi. Em 16 linhas de resposta, citou o aspecto legal quatro vezes. "O limite é a lei. Dentro da lei, a ordem é usar todas as forças", disse.
E ele volta ao assunto: "Tenho repetido: estamos em guerra permanente contra o crime. Não há o que tergiversar. O povo de São Paulo quer que o seu governo combata a criminalidade com empenho, com vigor. É o que estou fazendo e vou continuar fazendo. Dentro da lei".



Texto Anterior: TJ inicia investigação de secretário e juízes
Próximo Texto: Barbara Gancia: Eusébio Matoso é a nossa ponte dos Suspiros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.