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Adversários condenam ações do Gradi
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
No campo político, o efeito das
operações de infiltração de presos
em quadrilhas, feitas pela Gradi, é
um só: todos contra um. Todos,
no caso, são os adversários de Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa
pelo governo do Estado.
Procurados pela Folha, Paulo
Maluf (PPB), Fernando Morais
(PMDB) e José Genoino (PT)
adotaram posições semelhantes
ao condenarem as ações da rede
clandestina de inteligência montada pela PM (Polícia Militar).
O tucano Alckmin, repetindo
seu gesto dos últimos dias, foi o
único a sair em defesa do Gradi
(Grupo de Repressão e Análise de
Delitos de Intolerância) e de suas
ações. "Para deixar claro: não vou
vou extinguir o Gradi."
O ataque mais veemente contra
as atuações do grupo partiu de
Maluf, o que mais, estrategicamente, polariza com Alckmin. Ele
foi o único a prometer, se eleito, a
desativação do Gradi.
"Isso é uma atuação de um governador fora-da-lei. O governador, quando toma posse, jura respeitar a Constituição e as leis. E
um governador que não respeita
as leis, prevarica. Não pode ser governador", disse Maluf.
A declaração foi feita em resposta à pergunta enviada pela reportagem ao candidato, como no caso de Morais, Genoino e Alckmin.
Para todos os candidatos ao governo, a questão foi a mesma:
"Caso seja eleito, o sr. vai manter
em atuação o Gradi, que recrutou
presos para investigar quadrilhas
de criminosos? O sr. concorda
com esse tipo de atuação?".
"O governo tucano esqueceu
que polícia é polícia, bandido é
bandido. Não há hipótese razoável para esta promiscuidade que
só afronta a tradição da polícia
paulista", disse Morais.
Vácuo
Como Maluf, o peemedebista
considera as ações do grupo ilegais. "As investigações sigilosas
são úteis à proteção da sociedade,
mas devem ser feitas dentro da lei
e dos princípios éticos e jurídicos
do Estado de direito pelo qual
muitos de nós combateram e até
morreram nas mãos de aparelhos
clandestinos. O governador Alckmin deveria renunciar já."
Os aspectos legais das ações do
Gradi foram mencionados por
Maluf e Morais no mesmo dia em
que o presidente do TJ (Tribunal
de Justiça) de São Paulo, Sérgio
Augusto Nigro Conceição, disse
que ""em tese, é ilegal a infiltração"
de presos em quadrilhas.
Genoino, como Morais, recorreu ao termo "promiscuidade"
para dar sua resposta. "No meu
governo, não vai haver essa relação de promiscuidade com integrantes de quadrilhas ou do PCC.
A polícia não será enganada com
ações espetaculosas quando querem mais dividendos eleitorais do
que a defesa do cidadão e da sociedade", afirmou.
Dentro da lei
"Como governador -agora e
no próximo mandato-, minha
orientação para o secretário da
Segurança Pública e para a polícia
de São Paulo é clara: o Estado deve usar todos os instrumentos legais à sua disposição para combater o crime, sobretudo o crime organizado, as quadrilhas", disse o
governador Alckmin.
Em sua resposta, Alckmin fez
questão de frisar que considera legais as ações do Gradi. Em 16 linhas de resposta, citou o aspecto
legal quatro vezes. "O limite é a lei.
Dentro da lei, a ordem é usar todas as forças", disse.
E ele volta ao assunto: "Tenho
repetido: estamos em guerra permanente contra o crime. Não há o
que tergiversar. O povo de São
Paulo quer que o seu governo
combata a criminalidade com
empenho, com vigor. É o que estou fazendo e vou continuar fazendo. Dentro da lei".
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