São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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cotidiano
Motoboy confessa crimes e leva a polícia ao 9º corpo no parque

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Policiais examinam local onde foi achado o nono corpo no parque


ANDRÉ LOZANO
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

O motoboy Francisco de Assis Pereira confessou ser o autor da morte de nove mulheres no parque do Estado (zona sul de São Paulo) e levou ontem de manhã a polícia até o nono corpo, supostamente de Isadora Fraenkel.
Por volta das 8h, Pereira conduziu policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) pela mata cerrada do parque do Estado, na altura da divisa de São Paulo com Diadema, até uma clareira, onde foi localizado um corpo em estado avançado de decomposição.
"O suspeito (Pereira) indicou o local e a ossada encontrada como sendo de Isadora", disse o diretor do DHPP, Marco Antonio Desgualdo. A confirmação do corpo de Isadora depende de exames no IML, que devem sair dentro de 15 dias.
A advogada do motoboy, Maria Elisa Munhol, confirmou ontem que Pereira confessou os assassinatos e que, a partir de agora, irá alegar que um "transtorno de personalidade" teria motivado os crimes cometidos pelo acusado. O depoimento oficial de Pereira começaria ontem à tarde (leia texto na página 11).
Pereira foi conduzido ontem de manhã por quatro investigadores do DHPP à casa de sua advogada, na Liberdade (centro). O suspeito, sua advogada e os policiais partiram em uma Veraneio para o parque do Estado.
Após 20 minutos de caminhada na mata, Pereira localizou o corpo. O motoboy conduziu os policiais para mais outros dois locais, onde poderiam haver um décimo corpo, que não foi localizado. Segundo policiais que o acompanharam, o suspeito parecia confuso em relação aos locais e ao número de vítimas.
Durante a terceira revista na mata, a polícia encontrou uma bolsa preta contendo uma escova de dentes e a carteira de identidade de Cilene Oliveira de Souza. A polícia não tinha a confirmação, até as 13h, se se tratava de uma mulher desaparecida.
A Folha acompanhou parte da incursão de Pereira com os policiais pelo parque do Estado. Ele aparentava estar calmo e chegou a fumar um cigarro em uma clareira. Depois circulou -algemado a um investigador- pelo acostamento da rodovia Imigrantes, o que chamou a atenção de curiosos. Pereira foi levado de volta ao DHPP às 10h.
Pai da vítima
O comerciante Claudio Fraenkel, pai de Isadora, acha que o corpo é realmente de sua filha. Apesar de ter afirmado anteontem que já esperava a morte da filha, ele disse estar "perplexo" com o encontro do corpo.
"Há dificuldades para entender essa notícia. Já acreditava que ela tinha sido assassinada, mas a razão é diferente da emoção, sempre havia esperança de encontrá-la viva", declarou.
Fraenkel criticou a polícia pela demora em prender o motoboy Pereira. Em 13 de fevereiro, dias após o desaparecimento de Isadora, Fraenkel entregou o nome do motoboy à polícia, pois havia sido encontrados cheques dela na conta do acusado.



Leia mais sobre os crimes no parque do Estado na pág 1-11 e no caderno Cotidiano



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