São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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"Meu cliente é culpado", diz advogada

cotidiano MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

A advogada do motoboy Francisco de Assis Pereira, Maria Elisa Munhol, admitiu ontem, após o encontro do corpo indicado pelo acusado como sendo o de Isadora Fraenkel, que seu cliente é culpado, mas que ele é doente.
"Diante do depoimento do Francisco à polícia e das provas que existiam até então, eu afirmava que ele era inocente, mas diante da revelação do local onde estava a ossada, eu tenho que dizer que meu cliente é culpado, que meu cliente é doente. Até agora, ele confessou nove mortes", declarou a advogada ontem de manhã em frente ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), no centro de São Paulo, em entrevista coletiva.
Francisco deveria prestar novo depoimento na tarde de ontem para confirmar sua confissão à polícia. Até o fechamento desta edição, o depoimento não havia começado.
Segundo a advogada, uma psicóloga acompanharia o depoimento para começar a traçar um perfil psicológico do acusado de ser o maníaco do parque do Estado (zona sul de SP). De acordo com ela, Pereira também passaria na tarde de ontem, após o depoimento, por uma bateria de exames de sanidade mental.
Na quarta-feira passada, quando assumiu o caso, Maria Elisa Munhol afirmou que não havia provas suficientes contra seu cliente e buscou alegar sua inocência.
Na sexta-feira, a advogada mudou a tese de defesa, passando a afirmar que seu cliente tem um "transtorno de personalidade e de sexualidade".
"Ele é doente e é inimputável. Foi, pelo menos, o que transpareceu para mim", declarou a advogada.

Busca

Segundo Maria Elisa, a operação da busca pelo corpo de Isadora na mata teria sido detonada após telefonemas de policiais do DHPP para sua casa após a meia-noite de ontem.
"Me disseram que ele queria falar comigo. A essa hora, eu liguei tudo."
Após admitir que matou nove mulheres, Pereira se prontificou, segundo a advogada, a ir ao parque do Estado mostrar o local onde estava o corpo. Às 6h, a polícia partiu para o local.
Segundo a advogada, ela passar a defender a tese de inimputabilidade de seu cliente. Será pedida a instauração de "incidente de insanidade". Seu cliente deverá ser submetido a uma perícia para diagnosticar sua suposta doença mental.
"Vou continuar defendendo o Francisco como que oferecendo uma ajuda a um doente. Sei que é um caso antipático porque do lado de lá há pais e mães chorando", declarou.

Secretário

O secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, chegou à sede do DHPP às 11h50 de ontem, mas não deu entrevistas. Segundo policiais, ele proibiu a entrada da imprensa no prédio do DHPP.



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