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SISTEMA PRISIONAL
Motim no Instituto Penal Paulo Sarasate, de Fortaleza, deixou cinco feridos; a Polícia Militar ocupou o presídio
No CE, preso morre na 5ª rebelião do ano
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Pelo menos um preso foi morto
a tiros e outros cinco ficaram feridos na rebelião ocorrida ontem
no Instituto Penal Paulo Sarasate
(IPPS), na região metropolitana
de Fortaleza. A Polícia Militar
ocupou a cadeia.
É o quinto motim no presídio,
só neste ano. Desde junho, quando seis presos foram mortos por
policiais durante uma suposta
tentativa de fuga, os detentos dominam os pavilhões, entrando e
saindo das celas livremente,
acompanhados apenas por agentes penitenciários desarmados.
Na rebelião de ontem, os 1.178
presos destruíram as grades que
haviam sido refeitas, incendiaram
a sala da administração, a enfermaria e a fábrica de bolas de futebol da prisão.
De manhã, a secretária de Justiça, Sandra Dond, ordenou que
250 policiais militares da Guarda
de Choque entrassem no local para controlar a rebelião. Durante
todo o dia, porém, foi possível ouvir tiros do lado de fora do presídio, enquanto mais policiais entravam para reforçar a guarda.
"Enquanto todos os presos não
estiverem controlados, iremos
manter a PM dentro do IPPS",
disse a secretária.
Ela afirmou que irá pedir ajuda
financeira ao Ministério da Justiça
para a reconstrução das celas e a
substituição dos equipamentos
destruídos.
O governo do Ceará gasta, por
mês, cerca de R$ 700 por detento
do IPPS, considerado o principal
presídio cearense. Ao todo, somados os 1.178 presos, o Estado gasta
R$ 824.600 mensalmente. O estabelecimento tem capacidade para
880 detentos -dividem as celas
298 presos a mais.
Uma das medidas para retomar
o controle do presídio será a
transferência de 13 presos, considerados os líderes da rebelião, para o interior do Estado. Entre eles
está o traficante Giovani Cesarino, acusado por policiais de liderar o tráfico de drogas de todo o
Ceará de dentro do próprio IPPS.
Aliás, boa parte da família de
Cesarino também está presa: a
mãe, a mulher e a cunhada estão
no presídio feminino do IPPS e o
irmão está no Instituto Penal Presídio Olavo Oliveira.
Segundo Sandra Dond, os presos não fizeram reivindicações.
"Só fizeram vandalismo." Ela não
descarta a possibilidade de que
existam ainda mais mortos nos
pavilhões, que não foram completamente vistoriados até a noite de
ontem.
Um carro do Instituto Médico
Legal (IML) permaneceu na saída
do presídio durante todo o dia, ao
lado de carros do Corpo de Bombeiros. O preso que morreu se
chamava Luís Carlos Gomes Matias, conhecido como Pantera. Ele
foi encontrado com tiros no corpo e queimaduras graves.
A situação tensa no IPPS já vinha sendo denunciada pelos próprios carcereiros. Eles afirmam
que os presos estão armados e que
anunciam quando vão fazer
"acertos de contas".
Não é de hoje que o IPPS apresenta problemas de segurança.
Foi a partir da rebelião de junho,
porém, que a Secretaria de Justiça
descobriu que os presos têm armas dentro do presídio.
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