São Paulo, sábado, 09 de setembro de 2000

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VIOLÊNCIA
Georgina Burity, 82, ficou 38 horas amordaçada em seu apartamento em Salvador, após ser rendida por ladrões
Aposentada morre asfixiada após assalto

MARCOS VITA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

A aposentada Georgina Gonçalves Burity, 82, foi encontrada morta ontem, por asfixia, depois de passar 38 horas amordaçada em seu apartamento na Pituba, bairro nobre de Salvador (BA), após ser rendida por assaltantes.
Um casal de ladrões chegou à casa da aposentada por volta das 19h da quarta-feira.
Eles se apresentaram como interessados em comprar um aparelho de ar-condicionado que Georgina havia posto à venda num anúncio de jornal.
A empregada da aposentada, Márcia Aparecida Santos de Jesus, 27, diz ter precisado sair de casa para comprar frutas durante as negociações.
Quando isso aconteceu, mais um homem, encapuzado e de luvas, teria chegado e amarrado a dona do apartamento no quarto dela, usando toalhas e fitas isolantes em volta da cabeça de Georgina -o que provavelmente levou a aposentada à morte.
A empregada voltou ao apartamento e também teria sido amordaçada, segundo seu depoimento à polícia. "Quando cheguei, o homem encapuzado já amarrava minha patroa sobre a cama, enquanto o outro homem me imobilizava e também me amarrava", afirmou Márcia Aparecida, que apresentava ferimentos na testa e nos braços.
Só ontem, às 9h, a empregada teria conseguido se soltar para chamar a polícia. Peritos do DPT (Departamento de Polícia Técnica) encontraram o apartamento revirado, mas não sabem dizer ainda o que teria sido roubado.
O retrato falado dos criminosos seria concluído ontem. Vizinhos foram ouvidos para confirmar ou não a versão da empregada.
A delegada Heloísa Brito Campos, encarregada do caso, não havia se pronunciado sobre os detalhes do assassinato até o final da tarde de ontem. A polícia não tinha identificado os ladrões até o final da tarde de ontem.
O prédio onde morava a aposentada não tem porteiro nem interfone. Para entrar no edifício, é preciso que alguém desça do apartamento para abrir o portão.
A Agência Folha apurou que a polícia suspeita que a empregada possa ter sido cúmplice dos ladrões. Márcia Souza passou toda a tarde de ontem sendo interrogada na delegacia.
Georgina Burity era uma figura conhecida na sociedade baiana. Ela era mãe do diretor da Fundação Cultural da Bahia, José Burity. Ela foi enterrada ontem mesmo, às 17h30, no cemitério Jardim da Saudade.



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