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Traficantes se infiltram nos presídios do Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do Sindicato dos
Servidores da Secretaria de Justiça, Francisco Rodrigues, disse ontem que o tráfico de drogas está
infiltrando seus membros entre
os agentes penitenciários, funcionários responsáveis pela guarda
dos presídios no Rio.
"O crime está mandando gente
para ser agente penitenciário. É
um cidadão que o próprio crime
patrocina e bota para estudar para
que ele seja aprovado nos concursos", afirmou Rodrigues.
Ele disse que isso vem acontecendo no Desipe (Departamento
do Sistema Penitenciário) e na
Polícia Militar. O sindicalista afirmou que, no último concurso para agente do Desipe, há três anos,
cerca de 200 candidatos já aprovados foram eliminados porque
tinham algum tipo de ligação com
o tráfico de drogas.
"Eles chegam a trabalhar, mas,
depois de quatro ou cinco meses,
a investigação do Desipe prova as
ligações deles e todos são afastados", afirmou o sindicalista.
Rodrigues fez a denúncia num
encontro com o secretário de Segurança, Josias Quintal, para
apresentação de reivindicações da
categoria. Diante dos jornalistas,
tentava rebater as suspeitas de
que agentes penitenciários tenham participado do assassinato
da diretora de Bangu 1, Sidneya
Santos de Jesus.
Rodrigues negou que haja corrupção entre os agentes -quando nos presídios há denúncias de
que existe uma "tabela de preços"
para obtenção de favores, como
entrada de armas e visitas. Esses
"negócios" estavam sendo combatidos por Sidneya, o que desagradou a agentes e presos.
Rodrigues afirmou não acreditar na participação de agentes penitenciários no crime. A morte da
diretora de Bangu 1 desencadeou
uma crise nos presídios e um dia
de greve dos agentes penitenciários, na quarta-feira.
Os agentes estão pedindo a contratação de pelo menos mais mil
funcionários (o déficit, segundo
eles, é de dois mil), mais segurança no trabalho e aumento do salário inicial de R$ 1.050 para R$
1.900, além de recuperação de alojamentos e equipamentos.
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