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SÃO PAULO
O bairro, localizado na zona leste, vem atraindo comércio sofisticado e serviços característicos de áreas nobres
Investimentos mudam perfil do Tatuapé
KARLA MONTEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os últimos cinco anos foram de
bonança para o Tatuapé. O bairro, vizinho da Mooca, na zona leste, deixou de ser apenas dormitório. Com edifícios de luxo entremeados por um comércio sofisticado, compara-se hoje à Moema,
bairro da região sul que registrou
grande expansão econômica no
final dos anos 70.
Em um raio de 2,5 quilômetros,
concentram-se quatro shoppings
centers, sete McDonalds, dois hipermercados, três concessionárias de carros importados e cerca
de 26 agências bancárias, além de
lojas de grifes famosas, bons restaurantes e casas noturnas badaladas na zona sul e oeste.
Não foi por acaso que o Tatuapé
virou objeto de desejo dos investidores. O dinheiro que sustenta o
comércio é o da classe média que
emergiu ali mesmo e habita apartamentos de até R$ 1,5 milhão, somado ao dos forasteiros que migraram para o bairro na esteira da
verticalização de luxo. São novos
ricos ávidos por consumo.
A renda "per capita" no Tatuapé é de R$ 2.600 por mês, o dobro
da média da Grande São Paulo.
"Antes era comum encontrar
vizinhos no shopping Morumbi
ou nos restaurantes dos Jardins.
Agora temos tudo aqui. Não é
mais preciso atravessar a cidade",
diz a empresária Rosane Arthur,
35 anos, nascida no bairro.
A metamorfose do Tatuapé, antes povoado por casas simples,
chácaras de pêssego e indústrias,
começou no início dos anos 80.
O primeiro condomínio de luxo
foi o Chácara Anália Franco, com
apartamentos de 300 a 500 m2 de
área útil. O preço de cada unidade
gira em torno de R$ 1 milhão. Daí
para a frente, pipocaram espigões
de luxo para todos os lados.
"Começamos a construir bons
prédios para atrair empresários
que trabalhavam em regiões próximas, como Guarulhos, e tinham
de cruzar a cidade para chegar à
empresa", conta Manoel Jorge
Gonçalves, dono da Ação Imóveis, imobiliária influente no bairro, com 30 anos no mercado.
A estratégia deu certo. De 94 a
99, foram construídos 117 prédios. Desse total, mais de 80% têm
apartamentos de três ou mais
quartos e mínimo de duas vagas
de garagem por unidade.
Segundo o empresário, só este
ano estão em construção 25 prédios luxuosos, com três e quatro
quartos. O metro quadrado dos
prédios em lançamento sai por R$
2.500, R$ 1.000 a mais do que em
prédios do Morumbi.
Também existem no bairro
construções de altíssimo luxo, como três prédios com uma piscina
por andar e coberturas que chegam a custar R$ 4 milhões.
Outro fator que propiciou a expansão imobiliária foi a migração
de indústrias para as redondezas
(Itaquera, Guarulhos e São Miguel). A fumaça das chaminés deu
lugar à sofisticação.
Os cifrões estampados na imponência das residências e na sofisticação do comércio trouxeram
violência. O Tatuapé ocupa hoje o
22º lugar no ranking de furtos e
assaltos. Ganha de Moema, que
está na 35º posição. O número de
homicídios dobrou de 98 para 99.
"É o preço que se paga pela urbanização: perda de qualidade de vida", lamenta Gonçalves.
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