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SAÚDE/TERAPIA
Uso de vitamina injetável divide opiniões de médicos
Tratamento ajuda a prevenir doenças, dizem defensores; para críticos, há risco à saúde
Técnica se baseia no preceito da medicina ortomolecular que acredita que o corpo precisa repor vitaminas, minerais e antioxidantes
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A notícia de que a cantora
Madonna chocou passageiros
de um vôo ao injetar vitaminas
em seu corpo após sete horas
sem comer, em agosto, reacendeu a polêmica sobre a validade
dessa terapia aplicada por clínicas em pacientes e usada por
pessoas que buscam saúde, beleza e longevidade.
Especialistas ouvidos na última semana pela Folha deram
opiniões diferentes, e até antagônicas, sobre o tema.
Com uma lista de pacientes
que inclui Pelé, Xuxa e até o
ator americano Sylvester Stallone, o geriatra e médico ortomolecular Eduardo Gomes de
Azevedo defende a aplicação
das vitaminas por meio de soros, mas diz que "o injetável se
usa para você ter uma melhora
mais rápida". "É só para a fase
aguda do tratamento. Depois
você toma por via oral."
Em sua clínica, a Anna Aslan,
em São Paulo, passa uma média de 40 pacientes por dia. As
aplicações são feitas com base
no preceito de medicina ortomolecular de que o corpo precisa repor vitaminas, minerais
e antioxidantes -substâncias
que bloqueiam o efeito danoso
dos radicais livres. "O solo
mundial é pobre, com 70% de
deficiência de minerais. Repomos zinco, cobre, vitamina C e
complexo B, por exemplo."
No ramo há 30 anos, Azevedo diz que os resultados são
muito bons e que nunca teve
problemas. "É verificada a deficiência do paciente e montado
um tratamento. Não há risco
absolutamente nenhum."
Ele diz que um dos motivos
para a resistência a essa terapia
se deve à ação de uma indústria
"marrom". "Ela não quer que
se faça prevenção. Se você começa a tomar vitaminas e minerais, começa a não adoecer."
Invenção
José de Felippe Júnior, outro
médico ortomolecular e presidente da Associação Brasileira
de Medicina Complementar,
porém, critica o uso da vitamina injetável. Ele diz que a medicina ortomolecular pode prevenir doenças, "mas com medidas lógicas e aceitas pela bioquímica e pela fisiologia".
"Não precisa dar vitamina na
veia. Isso não é medicina ortomolecular, menos ainda biomolecular. Isso é invenção."
Opinião semelhante tem o
presidente da Associação Brasileira pela Nutrição Saudável,
Daniel Magnoni. Para ele, a injeção de vitaminas com o objetivo de prevenir doenças e retardar o envelhecimento não é
válida. "Não tem nenhum trabalho com evidência clínica sério defendendo a técnica."
Magnoni diz que, há cerca de
15 anos, começou a aumentar o
número de clínicas antiestresse que prometem "longevidade", mas que fazem um serviço
arriscado. "Eles injetam vitaminas em pessoas sãs, que
acham que estão bem. Porém,
há um risco grande para quem
tem doenças estabelecidas."
O presidente da Sociedade
Brasileira de Clínica Médica,
Antonio Carlos Lopes, diz que a
vitamina injetável deveria ser
usada apenas em pacientes graves hospitalizados, pacientes
em período pós-operatório,
atletas de alta performance,
pessoas desnutridas, com dificuldade para digerir alimentos
como alcoólatras e portadores
de doenças como a Aids. Para
ele, as vitaminas necessárias ao
corpo estão nos alimentos.
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI , da
Reportagem Local
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