São Paulo, quarta, 9 de setembro de 1998

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MEIO AMBIENTE
Comércio de peixes caiu no RS
Derrame de ácido desemprega pescador

LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

O navio Bahamas, que está causando um desastre ecológico no porto de Rio Grande desde a semana passada, já gerou seus primeiros efeitos colaterais: o mercado público de Rio Grande teve de afastar as pessoas que trabalham em 14 bancas devido à diminuição de 90% no consumo de peixe.
O desastre ocorreu com o derramamento de 12 mil toneladas de ácido sulfúrico no canal que liga a lagoa dos Patos ao mar, nas proximidades do porto.
Algumas das pessoas afastadas eram intermediárias na comercialização do peixe. Outras eram os próprios pescadores, que iam ao mercado para vender a produção.
A situação preocupa a colônia de pescadores do município. Além dos responsáveis pelo comércio, um total de 6.500 pescadores está com as atividades paralisadas.
"Há alguns exageros que precisam ser esclarecidos. Já ouvi até o absurdo de que não ocorrerá pesca na lagoa durante 10 anos", disse o secretário da colônia, Fábio Branco, filho do prefeito e ex-pescador Wilson Branco (PMDB).
O derrame do ácido, um produto extremamente tóxico, já provocou a morte de peixes na região e a pesca está proibida.
A administração do porto tenta, com o bombeamento do ácido para o canal, evitar um desastre de maiores proporções. O bombeamento começou na semana passada devido a uma rachadura existente no casco do Bahamas.
Depois de reuniões para que se definisse uma solução, a administração do porto optou pelo vazamento gradual do ácido.
O professor Antônio Philomena, da Universidade de Rio Grande, afirmou que o Bahamas tem "100% de explosividade".
Isso significa, segundo Philomena, o mesmo que haver um tubo de gás em um posto de gasolina, bastando uma faísca para detonar a explosão. Dos 24 tanques do navio, 20 estão nessas condições.
A procuradora da República Anelise Becker, acompanhada de técnicos e dos promotores Miriam Balestro e Éverton Menezes, foram detidos pela guarda portuária quando executavam o exame.
Becker chamou a Brigada Militar, mas o assunto não ficou resolvido. Só com a chegada de representantes da Receita Federal, o caminhão pôde deixar o local.
Os ucranianos responsáveis pelo navio continuavam presos ontem.



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