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MEIO AMBIENTE
Comércio de peixes caiu no RS
Derrame de ácido desemprega pescador
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
O navio Bahamas, que está causando um desastre ecológico no
porto de Rio Grande desde a semana passada, já gerou seus primeiros efeitos colaterais: o mercado público de Rio Grande teve de
afastar as pessoas que trabalham
em 14 bancas devido à diminuição
de 90% no consumo de peixe.
O desastre ocorreu com o derramamento de 12 mil toneladas de
ácido sulfúrico no canal que liga a
lagoa dos Patos ao mar, nas proximidades do porto.
Algumas das pessoas afastadas
eram intermediárias na comercialização do peixe. Outras eram os
próprios pescadores, que iam ao
mercado para vender a produção.
A situação preocupa a colônia de
pescadores do município. Além
dos responsáveis pelo comércio,
um total de 6.500 pescadores está
com as atividades paralisadas.
"Há alguns exageros que precisam ser esclarecidos. Já ouvi até o
absurdo de que não ocorrerá pesca na lagoa durante 10 anos", disse o secretário da colônia, Fábio
Branco, filho do prefeito e ex-pescador Wilson Branco (PMDB).
O derrame do ácido, um produto extremamente tóxico, já provocou a morte de peixes na região e a
pesca está proibida.
A administração do porto tenta,
com o bombeamento do ácido para o canal, evitar um desastre de
maiores proporções. O bombeamento começou na semana passada devido a uma rachadura existente no casco do Bahamas.
Depois de reuniões para que se
definisse uma solução, a administração do porto optou pelo vazamento gradual do ácido.
O professor Antônio Philomena,
da Universidade de Rio Grande,
afirmou que o Bahamas tem
"100% de explosividade".
Isso significa, segundo Philomena, o mesmo que haver um tubo
de gás em um posto de gasolina,
bastando uma faísca para detonar
a explosão. Dos 24 tanques do navio, 20 estão nessas condições.
A procuradora da República
Anelise Becker, acompanhada de
técnicos e dos promotores Miriam
Balestro e Éverton Menezes, foram detidos pela guarda portuária
quando executavam o exame.
Becker chamou a Brigada Militar, mas o assunto não ficou resolvido. Só com a chegada de representantes da Receita Federal, o caminhão pôde deixar o local.
Os ucranianos responsáveis pelo
navio continuavam presos ontem.
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