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EDUCAÇÃO
Estudantes ficam fora de programa de financiamento de mensalidade por serem pobres demais
Governo nega crédito a 18 mil carentes
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
O crédito educativo do governo
federal para o ensino superior não
paga os estudos de alunos ""pobres demais".
O critério foi definido pelo próprio Ministério da Educação
(MEC), que gerencia a verba do
Fies (Fundo de Financiamento ao
Estudante do Ensino Superior),
órgão que administra o crédito.
Dos 80 mil universitários que
pediram empréstimo para custeio
de mensalidades, neste semestre,
49,2 mil conseguiram passar pela
avaliação inicial do ministério, segundo dados do governo.
Outros 33,8 mil tiveram seu pedido negado. Desses, 18,5 mil
(55%) foram desclassificados por
ter renda familiar insuficiente.
O número de alunos aceitos é
inferior à estimativa inicial de 60
mil pessoas beneficiadas, ou seja,
10,8 mil vagas sobraram e, segundo o governo, serão reaproveitadas no ano que vem.
Os demais pedidos de empréstimo negados o foram por falta de
vagas nas universidades, que definiram as cotas que queriam receber do Fies. A seleção, segundo o
governo, pegou a fatia do meio da
população, entre os mais carentes
e os menos carentes.
O estudante excluído do Fies
tem dois caminhos para estudar:
passa no concorrido vestibular
das universidades públicas ou
disputa bolsas nas particulares.
Segundo o diretor do Fies, Floriano Pesaro, 31, as regras foram
criadas para reduzir a inadimplência. ""No início do ano, de cada cem alunos beneficiados, 60
não estavam pagando o governo.
Isso levou o programa à falência."
O governo considerou como
inaptos aqueles que, para pagar
30% da mensalidade, comprometiam 60% do ganho da família. O
programa cobre 70% do preço da
faculdade.
Por exemplo, para uma mensalidade de R$ 400, o Fies libera R$
280, e o estudante paga R$ 120.
Nesse caso, é excluído quem ganha menos de R$ 200.
O prazo para quitação do financiamento é de uma vez e meia o
período do curso. Por exemplo,
quem estudou quatro anos terá
seis anos para saldar a dívida.
A taxa de juro é de 9% ao ano e
não há mais a correção monetária
pela TR (Taxa Referencial), como
havia no modelo anterior.
"O Fies tem uma lógica contrária. O aluno que não tem condições de ter um fiador ou que não
pode pagar as mensalidades fica
de fora", disse Wadson Ribeiro,
23, presidente da União Nacional
dos Estudantes (UNE).
Para ele, o modelo de financiamento tem de ser revisto para
atender um número maior de alunos e, principalmente, aqueles
que não têm condições de pagar.
O Ministério da Educação estuda abrir mais 50 mil vagas no início do ano que vem. No total, serão investidos cerca de R$ 80 milhões no próximo semestre.
A lista com os alunos pré-selecionados deveria ter sido divulgada ontem. Mas, até as 19h, as instituições ainda não podiam acessar
a relação na Internet. Por conta
desse atraso na divulgação, o
MEC deverá ampliar o prazo para
a entrega da documentação necessária para a efetivação do crédito, que era o próximo dia 25.
Colaborou Cleide Floresta da Reportagem
Local
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