São Paulo, Sábado, 09 de Outubro de 1999
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PREVARICAÇÃO
Bertoldo Salum é acusado de não fazer nada para impedir atuação de fantasmas no instituto
Superintendente do Iprem é indiciado

CHICO DE GOIS
da Reportagem Local

O delegado Wagner Giudice indiciou ontem por prevaricação (saber de uma irregularidade e não tomar nenhuma atitude para coibi-la) o superintendente do Iprem (Instituto de Previdência Municipal), Bertoldo Salum.
O indiciamento aconteceu porque funcionários do instituto confessaram à polícia que não compareciam para trabalhar por orientação do superintendente. Muitos dos "fantasmas" eram ligados a vereadores ou políticos que apoiam o ex-prefeito Paulo Maluf.
Um dos depoimentos que comprometeu o superintendente do Iprem foi do técnico em informática, Luiz Fernando de Oliveira Campos.
Ele estava registrado na Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município), mas havia sido transferido para o Iprem. Seu salário era de R$ 6.011,16, mas não aparecia no Iprem. Ele afirmou à polícia que fazia serviço de informática em casa e não era obrigado a dar expediente no instituto.
A maioria dos funcionários considerados "fantasmas" pelo Ministério Público Estadual e a polícia ganhava entre R$ 2 mil e R$ 6 mil. Muitos estavam registrados na Prodam, mas lotados no Iprem.
Em 5 de maio, promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado) fizeram uma visita surpresa ao instituto e constataram que, de uma lista de 12 funcionários suspeitos de serem fantasmas, somente quatro estavam trabalhando. As listas de presença, no entanto, estavam assinadas até dia 15.
Ouvidos pela polícia, alguns desses servidores citaram Salum como o contato para a admissão na empresa. Duas servidoras disseram, ainda, que não fizeram nenhum exame para a admissão no instituto.
O superintendente negou que soubesse das irregularidades. Ele não quis falar com a imprensa. Para o delegado, no entanto, Salum não foi convincente em seu depoimento.
"Alguns dos funcionários fantasmas estavam lotados em salas ao lado da superintendência e era impossível ele não saber o que estava acontecendo", disse Giudice.
Essa não é a primeira vez que Salum é acusado de irregularidades no serviço público. Em abril, ele também foi acusado de receber indevidamente salários do Iprem e da Anhembi Eventos e Turismo durante 10 meses. Ele foi contratado em fevereiro de 1993 pelo Iprem e, em maio daquele ano, passou para o Anhembi, embora continuasse trabalhando no instituto.
Ele negou ter recebido os dois salários. Disse que tinha um rendimento baixo no Iprem e o ex-prefeito Paulo Maluf decidiu contratá-lo por outro órgão, com um salário maior.



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