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SEGURANÇA
Inquérito vai apurar se chefe da Polícia Civil de SP informou subordinado sobre investigação sigilosa; Desgualdo nega
Procuradoria pede investigação de delegado
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Procuradoria Geral de Justiça
requisitou ontem a abertura de
investigação no Tribunal de Justiça sobre o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marco Antonio Desgualdo, que, em um
grampo telefônico, aparece falando com um assessor sobre um policial que estaria na mira do Ministério Público por suposta ligação com bicheiros.
O inquérito foi pedido pelo procurador Álvaro Busana, para que
seja apurado se Desgualdo cometeu crimes de corrupção, prevaricação, condescendência criminosa e violação do sigilo de interceptação telefônica.
A gravação faz parte da investigação do Ministério Público Federal sobre os negócios do maior
contrabandista de cigarros do
país, Roberto Eleutério da Silva, o
Lobão. O assessor do delegado-geral Luiz Carlos dos Santos, conhecido como China, estava com
seu telefone grampeado.
Na conversa, que ocorreu em 15
de julho passado, Desgualdo diz
ao assessor que o delegado de São
José dos Campos Antonio Carlos
Gonçalves da Silva teve seus telefones grampeados. Também pede
a China que convoque Gonçalves
-integrante do Conselho Superior da Polícia Civil, cúpula da
corporação- para uma reunião.
"Foi feito um acerto de maquininha [provável referência a máquina caça-níquel] na sala dele.
Eles [Promotoria] têm a escuta. E
a Geni [mulher do policial] foi fotografada", afirma Desgualdo ao
assessor, no grampo. A mulher do
delegado teria sido flagrada em
um hotel ao lado de bicheiros.
"[Isso] tinha de chegar lá pra ele
hoje", diz o delegado-geral, em
um dos trechos.
Com a investigação, a Procuradoria quer esclarecer se Desgualdo mandou avisar o policial de
que ele estava sendo investigado.
O delegado confirma ter tido a
conversa com o assessor, mas diz
que mandava tomar providências
para apurar o caso e que não
mandou alertar o delegado sobre
a existência do grampo.
Por ter foro diferenciado, Desgualdo só pode ser investigado
pelo Tribunal de Justiça.
"Os fatos noticiados são preocupantes", disse Luiz Antonio
Guimarães Marrey, procurador-geral de Justiça do Estado. Em
procedimento interno, a Procuradoria avaliará a conduta do procurador Marco Vinicio Petrelluzzi, ex-secretário da Segurança e
amigo de Desgualdo. Na gravação, o delegado-geral cita Petrelluzzi como uma das pessoas que
saberiam da investigação sobre o
delegado de São José dos Campos.
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