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São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2003

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SEGURANÇA

Inquérito vai apurar se chefe da Polícia Civil de SP informou subordinado sobre investigação sigilosa; Desgualdo nega

Procuradoria pede investigação de delegado

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Procuradoria Geral de Justiça requisitou ontem a abertura de investigação no Tribunal de Justiça sobre o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marco Antonio Desgualdo, que, em um grampo telefônico, aparece falando com um assessor sobre um policial que estaria na mira do Ministério Público por suposta ligação com bicheiros.
O inquérito foi pedido pelo procurador Álvaro Busana, para que seja apurado se Desgualdo cometeu crimes de corrupção, prevaricação, condescendência criminosa e violação do sigilo de interceptação telefônica.
A gravação faz parte da investigação do Ministério Público Federal sobre os negócios do maior contrabandista de cigarros do país, Roberto Eleutério da Silva, o Lobão. O assessor do delegado-geral Luiz Carlos dos Santos, conhecido como China, estava com seu telefone grampeado.
Na conversa, que ocorreu em 15 de julho passado, Desgualdo diz ao assessor que o delegado de São José dos Campos Antonio Carlos Gonçalves da Silva teve seus telefones grampeados. Também pede a China que convoque Gonçalves -integrante do Conselho Superior da Polícia Civil, cúpula da corporação- para uma reunião.
"Foi feito um acerto de maquininha [provável referência a máquina caça-níquel] na sala dele. Eles [Promotoria] têm a escuta. E a Geni [mulher do policial] foi fotografada", afirma Desgualdo ao assessor, no grampo. A mulher do delegado teria sido flagrada em um hotel ao lado de bicheiros. "[Isso] tinha de chegar lá pra ele hoje", diz o delegado-geral, em um dos trechos.
Com a investigação, a Procuradoria quer esclarecer se Desgualdo mandou avisar o policial de que ele estava sendo investigado. O delegado confirma ter tido a conversa com o assessor, mas diz que mandava tomar providências para apurar o caso e que não mandou alertar o delegado sobre a existência do grampo.
Por ter foro diferenciado, Desgualdo só pode ser investigado pelo Tribunal de Justiça.
"Os fatos noticiados são preocupantes", disse Luiz Antonio Guimarães Marrey, procurador-geral de Justiça do Estado. Em procedimento interno, a Procuradoria avaliará a conduta do procurador Marco Vinicio Petrelluzzi, ex-secretário da Segurança e amigo de Desgualdo. Na gravação, o delegado-geral cita Petrelluzzi como uma das pessoas que saberiam da investigação sobre o delegado de São José dos Campos.


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