|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ABUSO POLICIAL
Luiz Gustavo Matias, que dirigia o Ary Franco, foi denunciado por omissão; advogado pedirá habeas corpus hoje
Diretor de presídio do caso Chan é preso
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O major Luiz Gustavo Matias,
diretor do presídio Ary Franco
(Água Santa, zona norte) quando
o comerciante sino-brasileiro
Chan Kim Chang foi torturado,
está preso, no Rio, desde anteontem à noite por ordem da Justiça
Federal. O pedido de prisão foi
apresentado pelo Ministério Público Federal, que ofereceu denúncia contra 11 acusados.
Além de Matias, preso no Batalhão de Choque da Polícia Militar,
foram denunciados sete agentes
penitenciários, que já estavam
presos, e três presidiários. O major foi denunciado por ter supostamente cometidos os crimes de
omissão, falsidade ideológica e favorecimento pessoal.
O juiz da 4ª Vara Federal Criminal, Alexandre Berzosa Saliba,
abriu processo anteontem e mandou prender os acusados. Outro
processo foi aberto, na semana
passada, pela 19ª Vara Criminal
do Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro, que acatou denúncia do
Ministério Público Estadual contra 12 pessoas.
Saliba pedirá hoje ao TJ que
"decline da competência em favor
da Justiça Federal". Caso o TJ não
aceite o pedido, os dois processos
seguirão para o STJ (Superior Tribunal de Justiça), que decidirá a
competência, pois uma pessoa
não pode ser julgada pelo mesmo
crime por tribunais diferentes em
ações de primeira instância.
Chan Kim Chang, 46, morreu
no último dia 4 de setembro, depois de passar uma semana hospitalizado por causa das torturas
sofridas no presídio estadual.
Ele havia sido preso por policiais federais em 26 de agosto,
quando tentava embarcar para os
Estados Unidos com US$ 31 mil
não-declarados.
O caso foi investigado pela Polícia Federal, que indiciou 12 pessoas, e também pela Polícia Civil,
que indiciou o mesmo número de
suspeitos.
Denunciados
O Ministério Público Federal
denunciou os agentes penitenciários Everson Azevedo Motta e Ricardo Wagner Sarmento Alves e
os presos Eduardo Nunes de Moraes, Paulo Sérgio de Araújo e
Cláudio Pereira da Costa pelo suposto crime de tortura. O agente
Ricardo Duarte Pires Valério, por
suposto crime de participação no
crime de tortura e os agentes Carlos Alberto de Souza Rodrigues,
Raul Broglio Júnior, Carlos Luiz
Correia e Denis Gonçalves Monsores por omissão no crime de
tortura.
Indiciado pela Polícia Federal, o
preso Élio Henriques Bandeira
não foi denunciado pelo Ministério Público.
Nos inquéritos, os agentes afirmaram que Chan teve uma crise
nervosa e se autolesionou.
Advogado de seis agentes, Michel Assef criticou o que chamou
de "voracidade das Justiças Federal e Estadual para condenar".
O advogado do major Luiz Gustavo Matias, Frederico Portella,
disse que entrará hoje com pedido de habeas corpus para tentar
soltar o cliente.
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Violência: Discussão sobre radar termina em morte Índice
|