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PM que matou estudante no Rio é absolvido
Promotor desistiu de pedir prisão de policial que atirou em Daniel Duque, 18, na saída da boate Baronetti, em Ipanema
Promotor diz que versões contraditórias dos amigos de Duque o levaram a desistir de pedido; família de jovem diz que houve corporativismo
Osvaldo Praddo/Agência O Dia
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Sérgio Coelho consola a mulher, Daniela Duque, mãe de Daniel
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE,
NO RIO
O 3º Tribunal do Júri do Rio
absolveu, por unanimidade, o
policial militar Marcos Parreira do Carmo, autor do tiro que
matou o estudante Daniel Duque, 18, na saída da boate Baronetti, em Ipanema (zona sul do
Rio), no dia 28 de junho. A decisão saiu na madrugada de ontem, após o promotor do caso
desistir de pedir a prisão do
Parreira. A reviravolta deixou
indignada a mãe do estudante.
Aos gritos, ela foi expulsa do
julgamento.
A família de Duque acusou o
promotor de corporativismo, já
que o policial era segurança da
promotora Márcia Velasco, e
disse que vai recorrer.
Os membros do júri acataram a tese de que o tiro foi disparado acidentalmente pelo
policial durante uma briga entre os amigos de Duque e de Pedro Velasco, filho da promotora. Já o promotor Marcelo
Monteiro, que havia denunciado Parreira à Justiça por homicídio, disse ter se convencido
de que ele atirou em legítima
defesa.
Monteiro alegou ter mudado
de idéia após ouvir, durante o
julgamento, os depoimentos
dos amigos do estudante morto. O promotor chamou os jovens de mentirosos e afirmou
que eles deram versões conflitantes entre si e diferentes das
que haviam apresentado à Polícia Civil. Disse ainda que o policial estava "correndo risco de
ser agredido por um bando de
rapazes furiosos".
"Eles não conseguem contar
a mesma história. Estão todos
mentindo. Eu fui afundando na
cadeira a cada amigo do Daniel
que vinha. O único caminho para fazer justiça é a absolvição
[de Parreira]", disse Monteiro
durante o julgamento. Ele afirmou que havia conversado com
os rapazes em 10 de setembro e
que a versão apresentada por
eles era diferente da que foi levada a júri.
Desde o dia do crime, os envolvidos se acusam de terem
iniciado a confusão. Os amigos
de Velasco afirmam que a briga
teve início quando o estudante
Gustavo Melo, amigo de Duque, abordou "de forma agressiva" uma menina que conversava com Bruno Monteiro Leite, do grupo de Velasco.
No depoimento, Melo negou
a abordagem, disse que viu a
confusão de longe e foi socorrer
os amigos. À polícia, contudo, o
estudante havia declarado que
ele e Duque foram abordados
na saída da boate pelo grupo de
Velasco, que ameaçou bater neles. O juiz Sidney Rosa da Silva,
que presidiu a sessão, apontou
a contradição ao jovem e chegou a ameaçá-lo de prisão por
estar, supostamente, mentindo. Melo alegou estar nervoso
no dia do depoimento à polícia.
No julgamento, o PM repetiu
a versão que deu para a polícia,
na qual sua arma disparou acidentalmente quando Duque
tentava tirá-la de sua mão.
"Meu filho não era pitbull.
Ele foi executado. Isso só ocorreu porque ele [o policial] era
segurança de uma promotora",
diz Daniela Duque, mãe do jovem. Wagner Magalhães, advogado da família de Duque, disse
que vai recorrer da decisão na
semana que vem e que vai pedir
a anulação do julgamento.
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