São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2004

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Prefeitura deve cachê a grupo carente

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Não se trata de um contrato envolvendo milhões de reais. Muito menos de uma dívida que vai piorar a já apertada situação financeira deste final de gestão da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT). Mesmo assim, a administração municipal está submetendo a associação filantrópica Criança Feliz a uma verdadeira maratona para receber seu cachê.
Ontem, completaram-se três meses de atraso do pagamento de R$ 9.000 à instituição. A dívida se refere a uma série de apresentações musicais feitas em escolas municipais pelo grupo Guaçatom, que reúne 28 crianças e adolescentes carentes assistidos pela entidade no bairro Caucaia do Alto, periferia de Cotia (Grande SP).
Foram inúmeras consultas ao sistema de pagamentos, ligações à Secretaria de Finanças e cobranças. Em nova tentativa ontem, a entidade procurou a prefeitura e soube que o pagamento do cachê, enfim, deve sair hoje. "É difícil, tivemos despesas que tiveram de ser pagas durante as apresentações", diz Regina Rodrigues, diretora administrativa da associação.
A associação Criança Feliz, responsável por uma creche com 126 meninos e meninas carentes, foi procurada pela Secretaria Municipal de Educação em junho para que o Guaçatom se apresentasse no Recreio nas Férias, programação feita em escolas da rede. No final de julho, após os dez shows do grupo (que já mostrou o repertório com músicas de Villa-Lobos, Pixinguinha e Hermeto Pascoal na Itália, França e Taiwan), começou a maratona para receber.
A entidade teve de reapresentar uma série de documentos que, segundo a prefeitura, estavam vencidos. No dia 5 de agosto, com a papelada em ordem, veio a primeira prorrogação do pagamento. Em vez de receber no dia 8 daquele mês, como previsto, a entidade só teria o cachê em 8 setembro. Depois, o prazo foi dilatado novamente, para 8 de novembro.
Segundo a associação, houve "jogo de empurra" entre órgãos da administração paulistana. Seus integrantes dizem ainda que a justificativa principal para o atraso dada pelos servidores que os atendiam era que a prefeitura estava sem dinheiro. A entidade chegou a protocolar pedido para a liberação do pagamento no Palácio do Anhangabaú, onde fica o gabinete de Marta, em 30 de setembro.
Procurada, a Secretaria de Finanças disse que os pagamentos são honrados e seguem o cronograma.


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