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Prefeitura deve cachê a grupo carente
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Não se trata de um contrato envolvendo milhões de reais. Muito
menos de uma dívida que vai piorar a já apertada situação financeira deste final de gestão da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy
(PT). Mesmo assim, a administração municipal está submetendo a
associação filantrópica Criança
Feliz a uma verdadeira maratona
para receber seu cachê.
Ontem, completaram-se três
meses de atraso do pagamento de
R$ 9.000 à instituição. A dívida se
refere a uma série de apresentações musicais feitas em escolas
municipais pelo grupo Guaçatom, que reúne 28 crianças e adolescentes carentes assistidos pela
entidade no bairro Caucaia do Alto, periferia de Cotia (Grande SP).
Foram inúmeras consultas ao
sistema de pagamentos, ligações à
Secretaria de Finanças e cobranças. Em nova tentativa ontem, a
entidade procurou a prefeitura e
soube que o pagamento do cachê,
enfim, deve sair hoje. "É difícil, tivemos despesas que tiveram de
ser pagas durante as apresentações", diz Regina Rodrigues, diretora administrativa da associação.
A associação Criança Feliz, responsável por uma creche com 126
meninos e meninas carentes, foi
procurada pela Secretaria Municipal de Educação em junho para
que o Guaçatom se apresentasse
no Recreio nas Férias, programação feita em escolas da rede. No final de julho, após os dez shows do
grupo (que já mostrou o repertório com músicas de Villa-Lobos,
Pixinguinha e Hermeto Pascoal
na Itália, França e Taiwan), começou a maratona para receber.
A entidade teve de reapresentar
uma série de documentos que, segundo a prefeitura, estavam vencidos. No dia 5 de agosto, com a
papelada em ordem, veio a primeira prorrogação do pagamento. Em vez de receber no dia 8 daquele mês, como previsto, a entidade só teria o cachê em 8 setembro. Depois, o prazo foi dilatado
novamente, para 8 de novembro.
Segundo a associação, houve
"jogo de empurra" entre órgãos
da administração paulistana. Seus
integrantes dizem ainda que a justificativa principal para o atraso
dada pelos servidores que os atendiam era que a prefeitura estava
sem dinheiro. A entidade chegou
a protocolar pedido para a liberação do pagamento no Palácio do
Anhangabaú, onde fica o gabinete
de Marta, em 30 de setembro.
Procurada, a Secretaria de Finanças disse que os pagamentos
são honrados e seguem o cronograma.
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