São Paulo, terça-feira, 09 de novembro de 2004

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AGENDA DA TRANSIÇÃO

Primeiro pedido de informações foi encaminhado ontem ao secretário municipal de Governo, Rui Falcão

Equipe de Serra pede dados sobre repasses

CATIA SEABRA
REPORTAGEM LOCAL

Coordenador do processo de transição pelo PSDB, o ex-ministro Clóvis Carvalho enviou ontem seu primeiro e-mail para o secretário de Governo, Rui Falcão, o representante da equipe da prefeita Marta Suplicy (PT). Nele, Carvalho pede à Prefeitura de São Paulo informações sobre as transferências federais ao município ao longo deste ano.
Ao perguntar o valor dos repasses -obrigatórios e voluntários- ao governo Marta, a equipe do prefeito eleito, José Serra, tem dois objetivos. Além de conhecer o volume de recursos legalmente destinados à prefeitura, como os do Sistema Único de Saúde (SUS), pretende saber o patamar para suas reivindicações políticas no ano que vem.
No e-mail, Carvalho também solicita uma alteração no sistema de transição com o qual concordou na sexta, quando teve sua primeira reunião com Falcão. O secretário sugeriu que todos os pedidos de informação fossem feitos diretamente a ele, para serem respondidos a Carvalho.
Ontem, temendo que o formato engesse a transição, Carvalho pediu que fossem destacados interlocutores diretos das secretarias de Gestão Pública, Finanças, Infra-estrutura Urbana e Saúde. O medo é de que a centralização atrase a troca de informações.
Segundo uma fonte que teve acesso ao texto, também foi solicitado o cronograma de pagamento das dívidas que, assumidas num ano, são lançados no orçamento seguinte: os chamados "restos a pagar". Preocupados com as dívidas que podem herdar do governo Marta, os tucanos querem saber como a prefeitura se programou para pagar as contas.
Na campanha, Serra alertou para o risco de a prefeita entregar a cidade com um déficit corrente de R$ 1 bilhão. Daí, a preocupação.
Outro objetivo do e-mail é o perfil da administração. A equipe de Serra quer saber como estão distribuídos os funcionários, quantos servidores estão cedidos, quantos são os cargos comissionados. Um dos discursos de Serra em campanha foi o de que Marta aparelhou a máquina, recrutando militantes para cargos comissionados, num custo adicional de R$ 100 milhões ao ano.
O pedido de informações sobre a estrutura do governo deixa evidente a intenção de realizar uma reforma na administração, com o enxugamento prometido pelo então candidato.
Até a noite de ontem, Falcão não tinha respondido ao e-mail. Para um dos integrantes da equipe de Marta, "a princípio", não há problemas na escolha de técnicos para fornecimento de dados. Mas "tudo dependerá do contexto".
Carvalho enviou o texto a Falcão no fim da tarde de ontem. Mas até a noite não havia registro de confirmação de recebimento. Apesar disso, os petistas já tinham conhecimento da chegada do documento. Carvalho reunirá hoje, pela primeira vez, a equipe de transição. Na montagem, ele teve o cuidado de não criar falsa expectativa, evitando que um tucano fosse encarregado de um setor para o qual poderia ser cogitado no secretariado de Serra.
Citado para Educação, Hubert Alquéres, por exemplo, assumirá outra área. Carvalho também optou por tucanos com perfil de operadores, como José Expedito Prata, que foi coordenador da campanha de FHC. Já mencionada para a Educação, a secretaria estadual Maria Helena Guimarães de Castro não tinha sido, até ontem, escalada para o time.


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